São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994 |
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Fruticultura perde receita e enfrenta endividamento
SUZANA BARELLI
"Precisamos modificar este quadro ou o setor terá problemas de competitividade a curto prazo", diz Ricardo Ariztia, presidente da Fedefruta, a federação dos produtores de frutas do Chile. No país, há cerca de 8.000 produtores de frutas para exportação, que cultivam uma área de 172 mil hectares. Nos últimos quatro anos, o peso chileno sofreu uma defasagem de 30% em relação ao dólar. A primeira consequência foi que a receita de quase US$ 1 bilhão registrada em 91 com as exportações de frutas caiu para US$ 872 milhões em 93. "Para este ano, a previsão é de outra queda. As exportações de frutas devem alcançar US$ 870 milhões. Isto significa que estamos perdendo dinheiro", diz Ariztia. O volume exportado, no entanto, cresceu 5,3% entre 25 de agosto último e 1º de setembro de 1993, em comparação com os 12 meses anteriores. "Mas este número esconde o nível de endividamento do setor, que, estimamos, chega a US$ 1,9 bilhão", diz Ariztia. Além da defasagem de câmbio, são causas do endividamento chileno a incidência de pragas, como a "mosca-da-fruta dos Andes", e a cobrança pela União Européia de taxas para a exportação de algumas frutas. "Estamos pagando uma taxa de US$ 1,62 por caixa de uva e de US$ 2,42 por caixa de nectarina, sendo que estas frutas não competem diretamente com as produções européias", diz Ariztia. O presidente da Fedefruta estima que o prejuízo chega a US$ 500 milhões apenas com as taxas cobradas pelos países europeus. Ariztia afirma, ainda, que tem aumentado os custos internos de produção e os problemas com os exportadores de fruta. "Não conhecemos os custos dos exportadores. O setor não é transparente", critica o presidente da Fedefruta. Concorrentes Emiliano Ortega, ministro da Agricultura do Chile, afirmou, durante a Expoagro (Exposição Internacional para os Setores Agrícola, Pecuário, Frutícola, Agroindustrial e Florestal), realizada em Santiago, que parte dos problemas da exportação chilena é resultado da entrada de novos concorrentes no mercado mundial. Ortega disse que o Chile exporta fundamentalmente para o hemisfério Norte e tem enfrentado a concorrência, principalmente, da Nova Zelândia e da Argentina. "O câmbio também condiciona o resultado da nossa fruticultura e explica a sua atual dificuldade de se expandir no mercado internacional", disse Ortega. Segundo o ministro, o setor deve investir em produtividade e na redução de custos internos de produção para ganhar mercados. Foram exportadas 18,6 milhões de caixas nos últimos 12 meses contra as 18,8 milhões de caixas do período imediatamente anterior, segundo a Fedefruta. As campeãs uvas de mesa, responsáveis por quase 50% das exportações chilenas, cresceram 1,9%. Foram 63,6 milhões de caixas contra 62,3 milhões do período anterior. O kiwi, vice-campeão de exportação, foi o que mais ganhou mercado. Suas exportações cresceram 21,6%, chegando a 25,5 milhões de caixas nos últimos 12 meses terminados em agosto. A jornalista SUZANA BARELLI viajou ao Chile a convite do Bamerindus. Texto Anterior: Fim de governo; Crédito; Soja na frente; SOS-Abelha; Prazo final; Imposto; Agroanalysis; Vacas magras; Feijão escasso; Novo software Próximo Texto: Certificado garante qualidade Índice |
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