São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994
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Volta do ágio preocupa equipe econômica

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Ciro Gomes, disse ontem, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, que o "micróbio" do ágio, do desabastecimento, das filas e do aumento de preços está voltando.
Ciro Gomes disse que é o mesmo "micróbio" que matou os planos anteriores de estabilização econômica no Brasil. Desta vez, afirmou, o governo está "preparado para o combate".
Ele ameaçou punir as empresas que estejam com preços abusivos cortando-lhes o acesso às linhas de crédito do Banco do Brasil e do BNDES.
Pouco antes de antes de falar aos metalúrgicos, Ciro Gomes recebeu denúncia de que teria começado a ser cobrado ontem um ágio de 10% a 14% no preço do aço.
A denúncia foi feita pelo presidente do Sinpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo), Joseph Couri. Couri disse ao ministro que as siderúrgicas estão praticando um ágio disfarçado, através dos distribuidores.
Segundo o empresário, os distribuidores estão rejeitando pedidos de aço comum, com a alegação de que só tem produtos com medidas especiais e mais caros para fornecimento.
Segundo Ciro Gomes, o Ministério da Fazenda já está acompanhando os casos de aumento de preço de embalagens, soda cáustica e produtos petroquícos.
O ministro disse que o Plano Cruzado morreu por causa do ágio. Disse que o consumo cresceu de modo exorbitante e os "demagogos da época"não tomaram providências para parecerem bonzinhos até as eleições.
Ciro Gomes afirmou que o governo vai atacar os focos de aumentos de preços com três medidas. Nos casos de ágio procado pela elevação do consumo, o governo pode até zerar a alíquota de imposto de importaçao, disse ele.
Nos casos dos produtos que estejam subindo de preço devido a movimentos de alta no mercado internacional, a solução será o imposto de exportação, para forçar as indústrias a colocar toda sua produção no mercado interno.
O ministro prometeu aos metalúrgicos que a redução das alíquotas de importação não provocará desemprego. Disse que a redução das alíquotas terá pouco efeito prático sobre as importações e que funcionará mais como instrumento de pressão sobre as indústrias.
Ele prometeu "humildade" do governo para rever os casos em que ficar comprovado concorrência predatória do produto importado. Segundo ele, o setor calçadista já vai ser socorrido pelo governo, com um linha de crédito para financiamento no Banco do Brasil, a ser discutido hoje no Rio Grande do Sul.

Salário Mínimo
Ao defender a desvinculação entre o salário mínimo e a aposentadoria oficial, o ministro qualificou o salário mínimo no Brasil de ridículo e humilhante.
Ele disse aos metalúrgicos que os trabalhadores que têm hoje entre 40 e 50 anos não poderão se aposentar se o Congresso não fizer uma reforma na Previdência. Ciro Gomes também defendeu o fim da estabilidade para os funcionários públicos e disse que a estabilidade só não foi derrubada até agora porque ela beneficia os "filhos de coronéis" que foram colocados no serviço público pelos políticos.

LEIA MAIS
sobre redução de alíquotas na pág. 2-1.

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