São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994
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Cúpula tucana se divide sobre o "superpartido" social-democrata

GABRIELA WOLTHERS
TALES FARIA

GABRIELA WOLTHERS; TALES FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A criação de um "superpartido" social-democrata, o SDB, divide a cúpula tucana. O presidente do PSDB, Pimenta da Veiga, disse ontem ser "radicalmente" contra a proposta, defendida pelo secretário-geral do partido, Sérgio Motta.
Motta e Pimenta, juntamente com Paulo Renato Souza, formam o núcleo de poder da campanha de Fernando Henrique Cardoso.
Segundo Motta, o PSDB precisa crescer para que um governo FHC não dependa totalmente do PFL para aprovar suas propostas.
A resistência de Pimenta é forte. "O PSDB tem grande importância política e a nossa força não está na estatística, no número de parlamentares, mas no nosso conteúdo." Divergindo abertamente de Motta, Pimenta diz que o fato de não haver consenso na proposta mostra que ela não vai prosperar.
Motta e Pimenta só concordam quanto à necessidade de o partido se tornar o núcleo do poder no eventual governo. "Seremos o núcleo de sustentação política do governo e o núcleo de formulação política", disse Pimenta.
Tornando-se ou não "superpartido", a idéia do PSDB de se tornar o núcleo formulador de políticas no governo FHC já preocupa o PFL. Junto com o PTB, o partido integra a coligação que apóia FHC.
Para reagir à hegemonia do PSDB, o PFL quer se tornar hegemônico no Congresso. A idéia é eleger o deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) presidente da Câmara e o senador José Saney para presidente do Congresso.
Com relação ao "superpartido", a proposta de Motta é incorporar parte do PT, PDT e PMDB para formar, junto com o atual PSDB, a nova legenda. Segundo ele, esta seria a saída para dar um perfil mais à esquerda ao governo.
Pimenta é contra filiações de membros do PT e PDT. Para ele, só será possível aceitar filiações de parte do PMDB, com ressalvas: "Devemos aceitar somente aqueles que já possuem uma identidade com as propostas do PSDB."
No centro da questão está a composição do Congresso. Tanto Motta como Pimenta acreditam que o PFL deverá conseguir eleger cem deputados. Já o PSDB deve obter entre 60 e 70 parlamentares.
Mesmo que FHC consiga formar um ministério "de competentes" e não "de partidos", como diz FHC, o governo dependeria do PFL para aprovar suas propostas.

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