São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994 |
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Pai chora ao ver foto do filho ao lado de Lula
CLÁUDIA TREVISAN
Viana completou 45 anos ontem. Diz que não vê seu filho há um ano e dois meses. "Ele já está entregue a Deus", afirmou. Eduardo se tornou uma espécie de símbolo dos excluídos durante o comício que Lula realizou domingo no Vale do Anhangabaú. Foi entrevistado por Lula e levado para sua casa depois do evento. Eduardo é filho de Viana e de Madalena Ferreira Gomes, 43. Os dois moram na favela Puma, no Morumbi, zona sul de São Paulo. Separados há quatro anos, Madalena e Viana dizem que o filho trocou a casa pelas ruas quando tinha 8 anos. Em conversa com a reportagem da Folha, Madalena disse uma série de coisas sem nexo, mas encontrou uma explicação para a opção do filho: "Na favela, a maioria das mulheres bebe, os homens bebe (sic) e as crianças têm medo de ficar perto". Afirmou que o filho está "desencabeceado", mas não conseguiu tornar inteligível o significado da palavra à repórter. Disse ainda que viu o filho há 15 dias e que costuma visitá-lo "lá", sem conseguir explicar onde. Apesar de separados, Viana e Madalena mantêm contato constante. São vizinhos e têm outra filha, Maria Aparecida Ferreira Gomes, 14, que mora com a mãe. Segundo moradores da favela, Viana costuma beber todos os dias. Até 79, ele trabalhava como motorista da empresa Monark. Sofreu um acidente e foi aposentado por invalidez. Hoje, anda com dificuldade. "Recebo R$ 70 de aposentadoria e outros R$ 70 de um bico de porteiro que faço à noite", afirmou Viana, que se declarou eleitor de Lula. Texto Anterior: Cumprindo tabela Próximo Texto: PT tenta aliança com PDT Índice |
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