São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994 |
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NELSON DE SÁ
Fernando Henrique, para quem a falta de notícia é boa notícia, na última semana, trata de não criar fatos de interesse. Ontem, como registram o rádio e a televisão, ele esteve com d. Paulo Arns em reunião das menos interessantes, que só foi notícia por obrigação. Lula, que o Jornal Bandeirantes afirma estar voltado agora para "emocionar" os eleitores ainda indecisos, não conseguiu criar fato nenhum, nada. Para a cobertura do TJ Brasil, tiveram que recorrer à entrevista de Lula, com um menino de rua, no comício de domingo, quando o petista até chorou. Nada que conseguisse fazer as primeiras manchetes dos telejornais, voltados cada um para tema diverso, e cada um mais importante do que a eleição: "Mais de cem mil focos de incêndio arrasam florestas", anunciou o Jornal Nacional. "Receita Federal entrega dossiê contra empresários que cobram ágio na venda de carros e que podem ir para a cadeia", no Jornal Bandeirantes. "Em agosto, exportações brasileiras foram as maiores de todos os tempos", no TJ. Faltando uma semana, parece que tudo é mais interessante do que a eleição, tornada um pequeno registro de agenda, arrastando-se por dias e dias. Enéas e os militares Não é uma eleição de grandes novidades. A exceção, no que se chama de cenário político, fica mesmo com o neofascista Enéas Carneiro, o fenômeno. Enéas que ameaça chegar em terceiro, formando uma bancada nova, organizada, para a extrema direita, no Congresso. Ele estava ontem no Bom Dia Brasil. Foi entrevistado, entre outros, por Alexandre Garcia, que desejou saber "a diferença entre a sua doutrina e a do governo militar que tivemos". A resposta de Enéas deixou bem claro que ele é mesmo um fato novo na política brasileira. O candidato atacou o regime militar, ideologicamente. Disse que os militares adotaram um modelo neoliberal, que para ele e o Prona não passa de "neocolonialismo". A diferença é então seu "nacionalismo". – Queremos desenvolvimento, queremos investimento, mas com o Brasil de pé, não de joelhos. Texto Anterior: PT agora quer reunir 250 mil no Rio Próximo Texto: Pai chora ao ver foto do filho ao lado de Lula Índice |
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