São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994
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Garoto cai do 5º andar e sobrevive

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os moradores do edifício Guará Master, na cidade-satélite do Guará, a 15 km do Plano Piloto, preparam uma ação judicial contra a construtora Moradia, do Grupo OK, uma das maiores empreiteiras do Distrito Federal.
A Folha ligou ontem, duas vezes, no início da tarde, para a assessoria do grupo OK, do empresário e candidato a deputado distrital Luiz Estevão. Até as 16h não houve retorno.
No sábado passado, o garoto Renalcy Rogério Leite, o "Cizinho", 3, caiu do quinto andar do edifício porque a placa de proteção da varanda quebrou. Cizinho teve apenas um corte na cabeça.
Para a mãe, Rogélia Leite, 25, o filho está vivo por uma "benção de Deus". Assustada, ela passa o dia atenta ao comportamento de Cizinho, para detectar qualquer sintoma, como vômitos ou tontura.
Rogélia e os outros moradores dos 96 apartamentos do Guará Master aguardam o relatório da Defesa Civil, para fundamentar a ação judicial contra a construtora.
Mas o amianto não resistiu aos 17 kg de Cizinho. Quebrou na hora, quando o garoto, que vinha correndo da sala em direção à varanda, escorregou e bateu na placa. Cizinho caiu de 15 m de altura.
Cizinho recebeu de 12 a 14 pontos na cabeça –a mãe não sabe ao certo. Além do corte, não teve qualquer arranhão no corpo.
Ele caiu de joelhos, após ter a queda amortecida por um arbusto de 1,80 metro, conhecido como chifréia.
Chorando e chamando pela mãe, Cizinho foi socorrido e levado ao hospital. Ele tem dois irmãos, Spencer, 7, e Lehy, 5, que brincava perto do local da queda.
Os técnicos da Defesa Civil já fizeram a vistoria no prédio, a pedido dos moradores. Segundo o coordenador, Adverse Baby, existem falhas na fixação da placa de amianto à parede e a espessura, cinco milímetros, é fina demais e não protege o morador.
"Cada placa tem 2,5 metros por 60 cm e serve a dois apartamentos. Com essa espessura, ela fica vulnerável para o espaço", afirmou.
Além disso, segundo ele, as grades que dão sustentação ao amianto são fixadas na parede apenas com rebite, quando teriam que ser parafusadas.
"Cabe uma ação judicial contra a construtora", afirmou o coordenador da Defesa Civil, que ainda não concluiu o relatório.

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