São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994
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A crise dos Bulls

FÁBIO SORMANI

Primeiro foi Michael Jordan. Depois foi a vez de Horace Grant. Em seguida, John Paxon e Bill Cartwright. Agora, quem está louquinho de vontade de se mandar de Chicago é Scottie Pippen.
Em outras palavras, do quinteto titular dos Bulls que ganhou o primeiro título da NBA na temporada 90/91, sobrou apenas Pippen.
Se ele fizer valer sua vontade e deixar o tricolor de Illinois, o Chicago começará a próxima temporada com apenas um jogador que foi peça fundamental na conquista de três títulos pelo clube: o armador BJ Armstrong.
O que estaria acontecendo com o Chicago? A meu ver, perdeu seu "glamour" com a saída de Jordan.
Sem o Pelé do basquete, acabou o encanto, os adversários perderam o respeito e o Chicago colocou novamente os pés no chão.
Scottie Pippen, campeão olímpico em Barcelona com o verdadeiro "Dream Team", em 92, se achava um deus do basquete, assim como Jordan. Não é. Suas forças não foram suficientes para fazer dos Bulls tetracampeão da NBA. O time sucumbiu diante da massa muscular do New York Knicks nos playoffs passados. E ele foi muito cobrado por isso.
Para piorar, o time fez uma proposta milionária ao croata Toni Kukoc, que renovou seu contrato com os Bulls, ganhando hoje mais do que Pippen, que, aliás, nunca foi com a fachada de Kukoc.
Sentindo que o jogador pretende mudar de ares, o Miami Heat fez duas propostas aos Bulls. Na primeira, ofereceu o pivô Rony Seikaly e o ala/armador Glen Rice em troca de Pippen; na segunda, ofertou o mesmo Rice, mas em vez de Seikaly, o armador Steve Smith, que foi campeão mundial com o "Dream Team 2" no Canadá.
Jerry Krause, vice-presidente dos Bulls, disse não às propostas. Pippen não gostou. Entre declarações de amor a Chicago, disse estar convicto de que já cumpriu sua missão na cidade e no time.
Krause, aliás, rechaçou pela segunda vez uma proposta de troca envolvendo Pippen. Em junho, o Seattle Supersonics propôs um negocião da China: dava Shawn Kemp, Ricky Pierce e o "draft" Carlos Rogers em troca de Scottie. O negócio, todavia, não foi adiante por causa de Krause.
Essa história toda me faz lembrar um dos mais surrados ditados populares, porém verdadeiro: mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Ou seja: é melhor alguém de qualidade inferior a Pippen, mas disposto a trabalhar, do que um cracão desanimado.

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