São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 1994
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PT monta 'fábrica' de habeas corpus

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

PT monta 'fábrica' de habeas corpus
Partido convoca 1 milhão de militantes para boca-de-urna e recomenda que votem cedo, para o caso de serem presos
O candidato a vice-presidente pelo PT, Aloizio Mercadante, disse ontem em Maceió (AL) que nenhum militante do partido ficará preso por muito tempo se estiver fazendo boca-de-urna.
"Teremos uma fábrica de habeas corpus para tirar todos da cadeia", afirmou, tirando risos da platéia formada por cerca de mil pessoas que assistiam a seu dircurso na Ufal (Universidade Federal de Alagoas).
Mercadante se referia a centrais de assessoria jurídica do partido em todos os Estados.
A Justiça Eleitoral alagoana, por exemplo, espera prender milhares de pessoas que estejam fazendo boca-de-urna.
Para mostrar isso com antecipação aos candidatos e partidos, a Polícia Federal requisitou o prédio sede da Secretaria de Segurança do Estado, uma antiga escola de marinheiros, com dezenas de salas para abrigar os detidos.
Mercadante lembrou que o PT está convocando um milhão de militantes para o trabalho de boca-de-urna em todo o Brasil, no dia 3 de outubro.
Ele recomendou que os militantes votem "bem cedo". "Vamos fazer boca-de-urna, sim. Votem bem cedo, pois se forem presos, já votaram", afirmou o vice.
A boca-de-urna programada pelo PT, segundo Mercadante, ocorrerá dentro dos limites da legislação eleitoral, que proíbe a distribuição de propaganda política no dia da eleição.
Mercadante afirmou que o PT aposta no uso, pelos militantes, de bandeiras, camisetas e faixas. Segundo ele, o trabalho será de convencimento verbal.
"Não há confronto com o TSE porque vamos conversar com o eleitor e a Constituição garante a liberdade de expressão", afirmou.
Os militantes vão abordar os eleitores e fazer o que Mercadante chamou de "conscientização política".
Baixa renda
Em São Paulo, o coordenador do programa de governo de Lula, Marco Aurélio Garcia, disse que as regiões metropolitanas do Rio e São Paulo, com especial atenção nas áreas de população de baixa renda, serão os alvos principais do trabalho de boca-de-urna.
Para Garcia, o PT pode nestas duas áreas assegurar a realização do segundo turno entre Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
"Temos crescido nestes dias em Estados como Rio Grande do Sul, Pernambuco, Pará e Distrito Federal. O voto da periferia vai ser decisivo", afirmou.
Ontem pela manhã, dez coordenadores da Frente Brasil Popular, integrada pelos sete partidos que apóiam Lula, se reuniram para traçar as orientações finais para o trabalho de boca-de-urna.
Duas informações que chegaram ao comitê assustaram o partido. Juízes eleitorais de São Paulo e Diadema teriam requisitado estádios para prender por três dias militantes flagrados fazendo campanha no dia da eleição. "Isso é absurdo", disse Garcia.
Os coordenadores da campanha de Lula estudam a programação do candidato para o domingo véspera da eleição. Nada está decidido.

Colaborou a Reportagem Local

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