São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Higienópolis se une para enfrentar shopping

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto de construção de um shopping center em Higienópolis (região central) acaba de provocar o nascimento de um movimento organizado de moradores.
Cinco casarões na avenida Higienópolis, no coração do bairro, estão na mira do grupo Plaza Paulista, o mesmo do shopping West Plaza, que no local pretende erguer um shopping de 250 lojas.
As mesmas cinco casas, construídas entre 1906 e 1930, também interessam a outros grupos, entre os quais um grande banco, que teria o projeto de construir ali um conjunto de prédios com cerca de 600 apartamentos.
Convocadas pela Associação dos Moradores e Amigos do Pacaembu e Perdizes, cerca de 30 pessoas participaram, anteontem à noite, de uma primeira reunião para discutir o que fazer a respeito.
A maioria dos participantes se manifestou claramente –e de forma exaltada, até– contra a construção do shopping.
Ao final da reunião, porém, o grupo de moradores decidiu que "não ficaria bem" tomar uma posição oficial contrária antes de, ao menos, conhecer o projeto.
Presente na reunião, a diretora de marketing do grupo Plaza Paulista, Eleonora de Souza Ramos Pereira, se dispôs a exibir para o movimento o anteprojeto do novo shopping, criado pelo escritório do arquiteto Alberto Botti.
Orientados pelo arquiteto Ives de Freitas, presidente do Sindicato dos Arquitetos de São Paulo, os moradores decidiram criar uma comissão de quatro pessoas para enfrentar a questão.
A comissão ganhou duas semanas a fim de levantar mais informações sobre os projetos imobiliários que visam alterar o local.
Nesse período, também pretendem recolher mais informações sobre os empecilhos jurídicos que, eventualmente, poderão ser colocados no caminho desses projetos.
Embora não seja morador do bairro, o promotor Sérgio Luis Mendonça Alves, 37, vai participar da comissão.
Alves é presidente do movimento Justiça Para Todos, uma associação civil, sem fins lucrativos, interessada em questões de abusos ao patrimônio público e defesa da cidadania.
Duas das cinco casas em questão pertencem à Obra Santa Vita, uma entidade assistencial, e não seriam derrubadas, segundo o projeto de shopping do grupo Plaza.
Segundo a madre Maria do Carmo, presidente da obra, o projeto de shopping apresentado à entidade prevê, inclusive, a restauração das duas casas –que "estão caindo aos pedaços", segundo ela.
"Temos algum interesse. Mas, por enquanto, há apenas uma negociação, apenas palavras", disse ontem à Folha.

Texto Anterior: 'Nunca sofri de alergia como agora'
Próximo Texto: Diretor planejou invadir Casa de Detenção
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.