São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 1994
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Os números do Banco do Brasil; Obra do grupo OK; Propostas dos aposentados; Mídia e eleição; Extensão da Faria Lima

Os números do Banco do Brasil
"A propósito da reportagem 'BB tem prejuízo de R$ 500 mi após Real', publicada no dia 25/09 pela Folha, fazemos os seguintes esclarecimentos: a) a exemplo do Banco do Brasil, nenhum banco, até o momento, divulgou seus resultados após o real, tendo em vista a compatibilização de números referentes à conversão das moedas; b) os números definitivos do Banco do Brasil relativos aos balancetes de julho, estão dependendo, ainda, de gestões junto ao governo, no sentido de obter a definição sobre o descasamento cambial, já que este banco dispõe de ativos no exterior em dólares em carteiras de longo prazo, muitos deles referentes à dívida externa brasileira; c) a informação dos repórteres da Folha, atribuindo o resultado desta empresa à perda do lucro inflacionário e ao não-cumprimento dos ajustes determinados pelo governo, é precipitada e sem sustentação técnica, refletindo apenas um 'palpite' ou 'dedução' das mesmas pessoas que recentemente vazaram informações distorcidas e erradas sobre o salário do banco (carta à Folha de 23/08); d) é de se estranhar que, mesmo admitindo na matéria que 'o BB não enviou ao Banco Central os balancetes com os prejuízos...', o jornal tenha atribuído a informação a fontes do Banco Central; e) mais uma vez o BB lamenta que os repórteres deste jornal, apesar das informações desta Secretaria Executiva de Comunicação de que os números não estavam consolidados, façam circular notícia errada, criando perturbação no mercado bursátil e facilitando a ação dos especuladores, que podem até ter explorado a incompetência ou a conivência dos repórteres; f) estamos dando ciência desta carta às bolsas e à CVM para os devidos fins, analisando o fato também sob o aspecto jurídico."
Marlo Litwinski, secretário-executivo de comunicação do Banco do Brasil (Brasília, DF)

Nota da Redação – O Banco do Brasil não nega a dimensão de seu prejuízo, registrado sob as regras vigentes para balancetes de bancos. Apenas afirma que negocia com o governo um mecanismo extra para contabilizar seu resultado. A reportagem da Folha apurou que os problemas estruturais do BB, como a elevada inadimplência, têm efeitos mais nocivos sobre seu balanço que uma circunstancial desvalorização do dólar, aliás previsível antes do lançamento do real. Ao não enviar ao Banco Central seus balancetes, como manda a legislação, foi o BB que alimentou a especulação –responsabilidade que agora tenta empurrar aos repórteres que noticiam sua situação financeira.

Obra do grupo OK
"A respeito de matéria publicada na edição de ontem da Folha, não procede a informação de que o Grupo OK não teria atendido à reportagem; ao contrário, a repórter Raquel Ulhoa foi atendida por esta empresa menos de uma hora depois de seu primeiro telefonema. Ainda assim, o Grupo OK foi severamente prejudicado em sua imagem institucional porque o jornal encerra o expediente editorial do caderno Cotidiano às 17h –quando, aliás, a Folha já havia recebido as informações. Sobre o acidente no edifício Guará Master, como aliás já foi informado, temos a esclarecer: a) o vão através do qual se deu a queda do menino Renalcy é fechado por uma chapa de cimento-amianto de 5 mm firmemente fixada por rebites em toda a sua borda à estrutura do parapeito; essa chapa apresenta uma resistência a impactos superior à do vidro comum de igual espessura e estava corretamente dimensionada para as medidas do vão que vedava; b) é altamente improvável que tal chapa tenha-se partido apenas com o impacto de uma criança ao escorregar, sendo possível que um trincamento ou uma rachadura tenha ocorrido anteriormente em razão de acidente doméstico corriqueiro; c) é absurda a insinuação de que houve tentativa, ou mesmo intenção, de ludibriar os moradores, querendo lhes fazer crer que se tratava de chapa de ferro, em vez de cimento-amianto, já que são flagrantes as diferenças de textura e de percussão ao som entre os dois materiais; ademais, o cimento-amianto é material comumente usado na indústria da construção civil e mais caro do que a chapa de ferro, sendo, portanto, despropositada a versão de que tal escolha visaria baratear os custos da obra; d) o Grupo OK, independentemente da apuração das responsabilidades, decidiu substituir todas as placas de fibro-cimento do edifício Guará Master por chapas de ferro."
Marcos Cordeiro, diretor de incorporações do Grupo OK (Brasília, DF)

Propostas dos aposentados
"Não temos nada contra o uso da coluna de Bárbara Gancia para divulgar suas preferências eleitorais e destilar venenos contra este ou aquele candidato. Não aceitamos e não aceitaremos nunca usar os aposentados e pensionistas, muito menos da forma altamente preconceituosa que está contida em sua crônica de 23/09. Dizer que 'respeitáveis senhores aposentados' estavam sendo 'cativados' por Lula com 'versinhos' que a colunista qualifica de 'teatrinho de grupo escolar' é mostrar, de maneira muito clara, quanto a colunista tem de preconceito para com o nosso segmento. Não estávamos lá para ser 'cativados' –cumpríamos um programa preestabelecido de entregar documentos a todos os presidenciáveis colocando nossas preocupações e, principalmente, nossas propostas."
Maria da Glória Abdo, presidente da Associação dos Bancários Aposentados do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Mídia e eleição
"Lamentavelmente, a Folha, como a Rede Globo, vem fazendo campanha subliminar para seu candidato Fernando Henrique Cardoso. Eles querem se perpetuar no poder através de seu candidato, que expressa toda essa situação de miserabilidade que atravessa o país em um completo desserviço à nação brasileira. Eles iludem, enganam e manipulam informações; eles querem continuar no poder a qualquer preço, mesmo que, saindo às ruas, as vítimas desta deplorável situação social possam ser eles mesmos, porque também são alvos da marginalidade que criaram."
Ruy Molina (São Paulo, SP)

Extensão da Faria Lima
"A matéria publicada por esta Folha em 23/09, sob o título 'Ruína da Faria Lima atrai ladrões', é reveladora da situação caótica criada com as demolições ao longo das ruas Miguel Isasa, Cunha Gago e Coropés. Resultado de uma ação inarticulada da prefeitura –que parece ter licitado apenas a derrubada dos imóveis, sem a retirada do entulho–, as demolições para extensão da Faria Lima tiveram, até agora, a única finalidade de servir de homizio para desocupados e assaltantes."
Adilson Odair Citelli, seguem-se mais oito assinaturas (São Paulo, SP)

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