São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 1994
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Governo da solidariedade

JOSÉ DIRCEU

Estamos na reta final da eleição que vai escolher o próximo governador de São Paulo. Ela ocorre juntamente com a escolha do futuro presidente da República e com a renovação do Legislativo. Diante disso, a sucessão no principal Estado do país ficou em segundo plano.
Mas a partir de São Paulo o governo federal construirá sua principal base de apoio. Assim, minha campanha está intimamente vinculada à campanha de Lula. Por isso eu peço o voto a todos os eleitores do meu partido e dos partidos da Frente Brasil Popular, para que eu possa, no segundo turno, vencer as eleições e ajudar Lula a ser presidente da República.
A eleição de São Paulo está ligada diretamente à necessidade de erradicar as práticas que o PMDB introduziu em nosso Estado. O clientelismo, o fisiologismo, a desenfreada corrupção.
Após 12 anos de governo do PMDB, a herança é trágica: finanças públicas desorganizadas, um governador que não tem recursos para pagar o próprio funcionalismo, o sucateamento da saúde e da educação, a ausência de uma política industrial e tecnológica, o abandono dos institutos tecnológicos do Estado, níveis de sonegação sem precedentes e a ausência de uma política tributária.
As candidaturas de Covas e Barros Munhoz são puro continuísmo. Além de candidato de Fleury, Munhoz acabou de receber apoio de Paulo Maluf. Nada pior.
Covas também é continuísmo. Ex-prefeito nomeado de São Paulo, senador eleito a partir do estelionato do Plano Cruzado, Covas apoiou e governou com Quércia, e aliou-se aos que governam São Paulo –PMDB, PTB e PFL. Em todo o interior do Estado é evidente o apoio a Covas por parte das elites conservadoras.
A candidatura Rossi é uma candidatura de mentira. Rossi quer enganar São Paulo quando afirma que se opôs à ditadura militar. É malufista e collorido. Quando governou Osasco, realizou um governo típico do PMDB: repressão à greve de funcionários, demissões em massa, empreguismo, abandono da saúde, da educação e do saneamento.
Por tudo isto, apresento minha candidatura como a única alternativa real aos desgovernos do PMDB, a partir das minhas propostas de governo, da luta do PT contra o quercismo, em defesa da escola e da saúde pública, em defesa da honestidade e da transparência no governo, em defesa da ciência e da tecnologia, do tratamento digno ao funcionário público e contra o clientelismo. Cabe ao eleitor de São Paulo decidir.
Dou como garantia ao cidadão de São Paulo os governos do PT. As cidades em que o PT governa em nosso Estado e o próprio governo de Luiza Erundina na capital. Administrações austeras, com transparência e participação popular, parcerias com a iniciativa privada, saneamento das finanças, prioridade absoluta à educação e à saúde, ao saneamento e à habitação, e uma política articulada de reforma tributária, incentivo ao desenvolvimento tecnológico, e o apoio à micro e à pequena empresa com vistas à criação de empregos.
Vamos resgatar São Paulo da sua atual situação financeira. Já enviei à Assembléia Legislativa meu projeto de reforma tributária, de redução de imposto –alíquotas de ICM de 18% para 15%– para incentivar a criação de empregos. Vou acabar com a sonegação.
Vamos também reestruturar e sanear o Banespa e a Nossa Caixa, para que voltem a desempenhar o papel de agentes fomentadores do desenvolvimento social de São Paulo.
Ao contrário do candidato do PSDB/PFL, faço questão de assumir o compromisso de, já a partir do primeiro ano de governo, iniciar a reposição das perdas salariais dos funcionários públicos, particularmente dos professores.
O funcionário público tem de ser bem pago para ser eficiente. Vamos exigir do funcionário público de São Paulo um tratamento digno e eficiente ao cidadão que precisa dos serviços públicos do Estado.
A grande prioridade do meu governo é o combate à miséria. Isto será feito através da minha prioridade um, a educação. Vou garantir ao setor 45% da arrecadação do ICMS. Uma ampla reforma do sistema de saúde do Estado e a questão habitacional são outras prioridades.
Ao lado de uma reforma tributária, do apoio de crédito e de tecnologia, vamos criar mais e melhores empregos no Estado. Mais empregos significa menos violência.
É preciso pensar grande. Pensar em São Paulo do futuro, priorizando as ferrovias e recuperando o porto de Santos para enfrentarmos a guerra tarifária, a guerra fiscal dos outros Estados. Vamos reter em São Paulo empresas e empregos. Vamos apoiar o desenvolvimento tecnológico de São Paulo e construir uma política industrial para os próximos 25 anos.
É preciso pensar no social, pensar no combate à miséria, pensar numa sociedade solidária. Esta sociedade depende de medidas de emergência. Por isto proponho a garantia de renda mínima para São Paulo, aplicando o projeto de Eduardo Suplicy imediatamente. No transporte, proponho o bilhete único metropolitano.
Vou chamar a sociedade civil para implantar o programa do PT de nenhuma criança fora da escola. Proponho um programa revolucionário de saneamento e habitação para acabarmos com a destruição do nosso meio ambiente.
E proponho a São Paulo, principalmente, um governo da solidariedade. Juntos conseguiremos dar ao nosso Estado aquilo que ele merece: uma sociedade justa, uma sociedade mais igualitária, que possa viver solidariamente.

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