São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 1994 |
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Cantando derrota
NELSON DE SÁ
Enquanto o presidente se orgulhava todo, na passagem da entrevista escolhida pela Rede Globo, na passagem escolhida como manchete pelo SBT ele já parecia, até pelo contrário, estar "interferindo na campanha", ainda que sem dar o nome ao sapo. "Itamar responde a Lula: Só derrotados questionam legitimidade da eleição." Para quem vinha de um encontro reservado com Fernando Henrique, um candidato cuidadoso em não cantar vitória, na reta final, o presidente Itamar cantou derrota muito cedo. Por São Paulo Itamar Franco esteve em São Paulo com a desculpa de prestigiar uma feira de hotelaria. Mas a presença concidiu mesmo foi com uma forte campanha, encabeçada pelo âncora Boris Casoy, que reclamava do preconceito do presidente com São Paulo. Um dia antes da chegada de Itamar, o âncora ainda seguia no ataque, sem acreditar muito. "Está anunciada a presença do presidente. Ele só esteve em São Paulo, em todo o seu governo, para o velório de Senna. Mudou São Paulo ou mudou o presidente?" Ontem, com a presença confirmada, o âncora seguiu com a ironia. "Finalmente, o presidente esteve em São Paulo." Para Boris Casoy, Itamar tem dificuldade em entender o "complicado" cenário de São Paulo, com empresários, sindicalistas etc. Por São Paulo 2 A campanha por São Paulo no SBT, que de início soou apenas como uma maneira de afirmação da emissora, está entrando em fase extremada. A novela "Éramos Seis" adotou a Revolução de 32 como seu grande tema. Algumas frases, de capítulos da novela, até ontem: "São Paulo não está preparado para enfrentar o Brasil inteiro", avisa um personagem, contrário aos paulistas. "Pois que seja! Nós vamos combater, nem que seja a soco, a pontapé, a paulada, porque eu vou dizer uma coisa, quando um povo se une por um ideal, ele se torna invencível", responde o paulista, vivido por Marcos Caruso. "Atenção, senhores", discursa outro paulista, em outra passagem. "As últimas notícias encheram de indignação os paulistas. A revolução vai ser inevitável. Neste momento, mais do que nunca, São Paulo precisa de todos nós." "Por São Paulo!", grita ele, ao final de seu discurso, exaltado, abraçado à bandeira paulista. Texto Anterior: Sarney diz que não quer ministério Próximo Texto: FHC culpa PT e PDT por data do Real Índice |
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