São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 1994
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Torneio reflete nova geopolítica

SÉRGIO KRASELIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quarenta e cinco anos depois de sua primeira edição, em Praga, na então Tchecoslováquia, acontece a partir de hoje em Atenas, Grécia, o 13º Campeonato Mundial Masculino de Vôlei.
A competição traz pela primeira vez entre seus competidores representantes da nova composição geopolítica do planeta.
Sucessora da ex-URSS, seis vezes campeã mundial (49, 52, 60, 62, 78 e 82), a Rússia faz sua estréia no torneio, assim como a Alemanha unificada, países inexistentes em 1990.
Se nas décadas de 60 e 70 a hegemonia do esporte esteve com o chamado bloco dos países socialistas (quebrada pela primeira vez em 1970, quando a escola asiática de velocidade deu ao Japão a medalha de bronze em Sófia, Bulgária), hoje o domínio da escola brasileira, baseada na versatilidade dos jogadores, determina a tática da elite do vôlei mundial.
A Itália vem embalada pelo tetracampeonato na Liga Mundial da categoria, obtido em julho último em Milão, e tenta repetir o feito de quatro anos atrás, quando levou para casa o título de campeã do Mundial realizado no Rio de Janeiro.
Cuba, que traz no currículo a recente vitória sobre o Brasil na Liga 94, também se inclui entre as seleções favoritas.
A equipe, porém, se assemelha à "geração de prata" brasileira dos anos 80: consegue chegar às finais de torneios importantes, mas tem que se contentar com o segundo lugar. Foi assim na última edição do Mundial e, mais recentemente, na Liga 94.
Já o Brasil, depois de encantar com sua artilharia de cinco jogadores atacando de todas as posições da quadra, busca superar problemas internos e repetir a performance dos anos anteriores, quando venceu a Olimpíada de 92 e a Liga Mundial de 93.
A Holanda, vice-campeã olímpica e uma das melhores da Europa, mais uma vez aposta na estatura e no bloqueio para conter seus adversários.
Quinta colocada na Liga Mundial, a equipe holandesa surprendeu este ano no torneio ao vencer os cubanos em Havana e, recentemente, ter derrotado a campeã Itália em uma competição amistosa disputada em Amsterdã como preparação ao Mundial.
Por fim, a Rússia, que herda um passado de conquistas, traz no currículo vitórias expressivas sobre a Itália na fase classificatória da Liga Mundial (venceu três das quatro partidas realizadas).
A partir de hoje, os torcedores poderão comprovar que o Mundial da Grécia será marcado pelo equilíbrio de cinco forças atuantes do vôlei.
Como em 90, o sistema de disputa do Mundial define na fase classificatória os campeões de cada grupo, que passam direto para as quartas-de-final.
Os segundos e terceiros decidem as outras quatro vagas através de jogos que serão decididos por sorteio dirigido. Daí por diante, todos as partidas serão eliminatórias.
O primeiro jogo da seleção brasileira será contra a Argentina, hoje. Amanhã, o time enfrenta a Alemanha e, no sábado, os Estados Unidos.
As TVs Globo e Bandeirantes vão transmitir ao vivo as partidas do Brasil. Todas acontecem em Atenas às 20h30 (15h30 de Brasília).

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Nas págs. 3 a 7 as chances dos times em cada grupo

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