São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 1994
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Varejo teme reajustes e prevê inflação alta

NEIVALDO JOSÉ GERALDO
DA REDAÇÃO

O comércio varejista de São Paulo aprova o Plano Real, mas espera inflação alta em outubro e nos próximos 12 meses. E pior: teme que os fornecedores se aproveitem do aquecimento da demanda para reajustar seus preços.
Estes são três dos aspectos mais importantes revelados por uma pesquisa de opinião do comércio lojista feita pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP) e divulgada ontem.
A estimativa de aceleração inflacionária está tanto no curto quanto no médio prazo. Para 22,6% dos entrevistados, a inflação de outubro vai bater nos 5%. E 18% acreditam que a taxa deve ficar entre 6% e 10%.
Ou seja, 41,1% do comércio varejista espera inflação alta para os padrões de estabilidade que o governo quer implantar. 35% esperam taxa de 3% ou inferior para outubro.
Já no médio prazo, 45,2% dos entrevistados estimam que a inflação mensal dos próximos 12 meses vai ficar entre 3% e 15%.
Jean Claude Silberfeld, assessor econômico da FCESP e um dos coordenadores da pesquisa, tem outra leitura: "É o problema da cultura inflacionária, pois as pessoas estão há muito tempo acostumadas com taxas altas".
Ele diz ainda que o patamar já caiu, mas "para quem estava acostumado com inflação de 50% ao mês, o fato de 41,1% dos entrevistados esperarem inflação menor do que 10% é um grande avanço".
Fornecedores
Segundo a pesquisa, o maior fator de risco, no curto prazo, para a manutenção da estabilidade de seus preços de venda, é a reposição de estoques.
Para 56,5% dos entrevistados, existe a possibilidade de que os fornecedores se aproveitem do aumento da demanda para reajustar seus preços.
Para 13,7%, a alta taxa de juros é o segundo maior fator de risco para a manutenção dos atuais preços do comércio varejista.
Silberfeld acredita que "com a estabilidade o comércio vai ter de voltar a negociar com seus fornecedores, já que o consumidor começa a ter clareza e referência sobre os preços".
Há ainda, segundo a pesquisa, uma certa desconfiança na capacidade do governo de manter no longo prazo o sucesso do plano de estabilização.
Natal
Apesar do pessimismo em relação às taxas de inflação e à negociação com os fornecedores, a pesquisa detectou aprovação ao Plano Real (73,4% deram nota superior a 7 ao plano), melhora nos seus negócios e grande otimismo do comércio para as vendas de Natal.
Para 73,4% dos entrevistados, as vendas este ano serão entre 10% e 40% superiores às de 93.
A pesquisa ouviu 124 diretores ou proprietários no varejo típico, como setores de vestuário, calçados, utilidades domésticas e farmácias, com amostra aleatória.

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