São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 1994
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Indústrias de tecidos cortam os descontos

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Alguns fabricantes de tecidos cortaram neste mês os descontos de 5% a 15% que estavam dando para os atacadistas.
Jorge Hamuche, presidente do sindicato que reúne atacadistas de produtos têxteis e armarinhos no Estado de São Paulo, diz que a retirada dos descontos pode encarecer a coleção primavera-verão.
"As fábricas de tecidos já estão com a produção vendida até outubro. Só estão aceitando pedidos para novembro. Isso dá espaço para reajustes de preços."
Hamuche faz sugestões ao governo para rebater os aumentos: criar linhas de crédito especiais para importação de têxteis e suspender temporariamente as exportações de tecidos.
Segundo ele, os faccionistas –que cortam e costuram as roupas para uma confecção– aumentaram entre 30% e 40% o preço dos seus serviços neste mês.
"O pior é que estamos tendo que aceitar isso porque o mercado está comprador", diz Hamuche, que além de ter uma atacado de tecidos fabrica jeans e artigos de cama e mesa.
Segundo ele, os atacadistas estão aumentando as importações para repor estoques e evitar reajustes.
Um exemplo é a Tecidos Cassia-Nahas. Do faturamento das suas três lojas, a venda de tecidos importados –especialmente coreanos– já participa com 50%.
Márcio Nahas, diretor, diz que os fornecedores nacionais cortaram descontos de 10% que vinham praticando.
E mais: "eles querem fechar negócios com prazos de entrega e preços abertos." Segundo ele, a demanda por tecidos aumentou 30%.
"A indústria de tecidos tem muitos compromissos com exportações. Por isso não consegue atender o mercado interno."
Na sua análise, o que acontece no mercado é uma antecipação de compra por conta do final do ano aliada ao aumento do poder de compra provocado pelo real.
"Nós preferimos comprar da indústria nacional. Mas quando ela aumenta preços temos que buscar outras fontes de abastecimento."
Paulo Skaf, vice-presidente do Abit, associação que reúne as tecelagens, diz que as fábricas mantêm os preços estáveis e o abastecimento está normal.
"Além disso, os atacadistas estão livres para importar do mundo todo. O governo até reduziu a alíquota de importação de tecidos de 20% para 16%."
Ele conta que existem hoje no país cerca de 3.000 tecelagens. "É muito difícil saber quem cortou ou não descontos ou quem aumentou ou diminuiu preços. O fato é que os preços estão estabilizados, na média."

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