São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 1994
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Assembléia contrapõe facções do Masp

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

A seis dias de uma assembléia decisiva, acirra-se a briga entre as facções que disputam o Masp (Museu de Arte de São Paulo). Cada lado se arma como pode para o embate marcado para o dia 4.
O diretor do Masp, José Mindlin, convocou para esse dia assembléia dos sócios do museu para discutir a crise.
No último fim-de-semana, o ex-governador Roberto Costa de Abreu Sodré enviou uma carta aos 60 sócios do museu. A Folha teve acesso à carta. Nela, Sodré ataca Mindlin dizendo-o responsável pela crise e afirma que vai propor uma chapa em oposição à dele se nova eleição ocorrer.
Lista os cargos públicos que exerceu e se diz "democrata com passado comprovado". Em contraposição, afirma que Mindlin "não sabe aceitar derrotas".
Sodré também responde a acusação de Mindlin de que tem vinculação partidária. Nega ter. A Folha apurou que o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPR), apóia Sodré para diretor do Masp.
A disputa do Masp contrapõe também preferências políticas. Do lado de Mindlin há nomes ligados ao PSDB (veja quadro ao lado).
Mindlin será mais uma vez atacado juridicamente. Mário Pimenta Camargo, sócio que entrou com ação para anulação da eleição de Mindlin, e o juiz José Zoega Coelho, que deu sentença favorável a ela, em breve vão defender a suspensão dos efeitos da assembléia (leia texto ao lado).
Na semana passada, Mindlin conseguiu mandado de segurança para permanecer no cargo. Camargo quer que o mandado seja retirado; se for, Sodré assume interinamente. Camargo também o apóia para diretor efetivo do museu.
Nesta semana, Mindlin entrou com recurso à ação de anulação da assembléia, que será julgado pelo Tribunal de Justiça. Se Camargo não conseguir o fim do mandado de segurança, Mindlin continua até o recurso ser julgado, o que pode demorar até um ano.
Camargo diz que vai estar presente na assembléia do dia 4 e vai aguardar o item "c" da convocação –"deliberar sobre as providências que a diretoria deverá tomar"– para apresentar proposta. "A briga será feia", acrescenta.
Mindlin também distribuiu carta a sócios nesta semana, defendendo a continuidade de sua diretoria. Durante dois dias foi procurado pela Folha e não deu retorno.

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