São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 1994
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Assassinado líder do PRI mexicano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS E DA REDAÇÃO

O secretário-geral do Partido Revolucionário Institucional (PRI, governista), José Francisco Ruiz Massieu, foi assassinado na manhã de ontem no centro da Cidade do México. Tinha 48 anos.
Considerado muito próximo do presidente Carlos Salinas de Gortari (com cuja irmã já foi casado), Ruiz acabava de ser nomeado líder da bancada do PRI na Câmara.
Ele foi atingido com um tiro no lado esquerdo do pescoço ao entrar em seu carro, às 9h35, na avenida Paseo de la Reforma, ao fim de uma reunião com dirigentes do PRI no hotel Casablanca. A bala se alojou em seu tórax e ele morreu às 10h30 no hospital Español.
O assassino usou uma submetralhadora Uzi, que travou após o primeiro tiro. Ele fugiu e foi detido a um quarteirão do local do crime pelo segurança bancário José Antonio Moreno Rodríguez.
Horas mais tarde, a polícia identificou o assassino como "Joel ou Héctor Rezendiz", natural de Acapulco. O motivo não foi revelado.
Esse foi o segundo assassinato político importante este ano no México. Em 23 de março, o candidato do PRI à Presidência, Luis Donaldo Colosio, foi morto a tiros em Tijuana (norte do país).
Ex-governador do Estado de Guerrero (sul), Ruiz era desde maio secretário-geral do PRI, cargo abaixo apenas do de presidente. Coordenou a campanha do substituto de Colosio, Ernesto Zedillo, que acabou eleito em agosto e tomará posse em 1º de dezembro.
Na sexta-feira passada circularam rumores de um atentado contra a vida de Zedillo, na qual um de seus guarda-costas teria sido ferido. O governo desmentiu.
A notícia do assassinato de Ruiz causou baixa de 1,5% na Bolsa de Valores da Cidade do México; a cotação da moeda mexicana caiu de 3,39 pesos por dólar para 3,41.
Ligado politicamente ao ex-chanceler Manuel Camacho Solís, Ruiz integrava a ala reformista do PRI (que governa o México desde 1929). Seu irmão Mario é subprocurador-geral da República.
Salinas e Zedillo foram ao hospital. O presidente qualificou o crime como "bizarro" e seu sucessor exigiu que ele seja "plenamente esclarecido". O porta-voz Carlos Samayoa afirmou: "Alguém mandou matá-lo, não sei por quê".
O economista e sociólogo mexicano Jorge Catañeda, 39, disse à Folha que é muito difícil fazer uma avaliação imediata das consequências políticas, econômicas e sociais do crime, que qualificou como "muito grave".
Para ele, é impossível no momento saber se foi um assassinato político ou um crime comum com efeitos políticos. "Pode ser obra de um louco, do narcotráfico ou de alguma facção política."

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