São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 1994
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Quem são os culpados; O sorriso de Ulysses; Olho no voto; Protesto; Barões da imprensa; Código do eleitor

Quem são os culpados
"A Folha publica na edição de ontem, à pág. 1-6,
sob o título 'Singer, do PT, quer conter salário', declarações que fiz ao repórter Francisco Santos, que foram gravemente distorcidas, invertendo seu sentido. Por isso peço que a seguinte retificação seja publicada no Painel do Leitor. Eu não disse que 'os trabalhadores devem negociar com empresários reajustes salariais menores que os estabelecidos pelos índices, em troca de garantias de que não haverá repasse aos preços'. Eu declarei que o governo deveria ter promovido tais negociações, mas não o tendo feito, não cabia aos trabalhadores outra coisa que reivindicar tudo a que tinham direito. Tampouco disse que 'não restará ao futuro governo outra alternativa que não a de produzir uma recessão para evitar o repasse dos reajustes salariais aos preços'. Eu declarei que caso o futuro presidente for Fernando Henrique Cardoso eu achava improvável que viesse a convocar as referidas negociações, pois não o fez quando era ministro da Fazenda nem o fizeram seus sucessores. Portanto eu só posso esperar que um futuro governo de FHC lance a economia em recessão para tentar impedir o retorno da inflação. A omissão de minhas críticas à atuação do atual governo e de seu candidato dá a impressão que atribuo às reivindicações dos trabalhadores a culpa por eventual volta da inflação. A culpa do Brasil estar doente do dilema inflação versus recessão é apenas dos responsáveis pela política econômica."
Paul Singer, economista (São Paulo, SP)

O sorriso de Ulysses
"Leitora que sou da Folha, fiquei enternecida e emocionada com o artigo 'O sorriso do dr. Ulysses', publicado em 25/09, de autoria do dr. Antonio Ermírio de Moraes. Conseguiu este grande brasileiro tornar públicas as mágoas que infringiram ao meu irmão, condenando-o à derrota. Não titubearam em traí-lo sucessivamente, por atos desprovidos de respeito à sua história política, alguns governadores e políticos do PMDB. Abandonaram-no de forma injusta e egoísta, impondo-lhe uma humilhante derrota eleitoral nas eleições de 1989, mas, como o tempo é um grande conselheiro, um amigo da estirpe de Antonio Ermírio de Moraes destacou em seu artigo essa figura impoluta de político, com palavras repletas de respeito, emoção e, por que não dizer, ternura. São fatos e atitudes como essa que nos animam a manter desfraldada a bandeira do sr. Diretas, sr. Parlamentarismo e sr. Coragem."
Maria José Guimarães Passini, presidente do Instituto Ulysses Guimarães (São Paulo, SP)

Olho no Voto
"Estou transmitindo o documento do Departamento Pessoal da Câmara dos Deputados sobre o levantamento de minha frequência às sessões deliberativas. De sua análise, pode-se confirmar alguns erros cometidos pela Folha, na elaboração do caderno Olho no Voto (edição de 18/09). Segundo o Olho no Voto, as sessões totalizam um número de 375, até abril/94 –informação que contraria os dados do Departamento Pessoal, que indicam um total de 295 sessões, até agosto/94. Vale destacar que o número de 295 sessões engloba todas as sessões, inclusive as do Congresso Revisor, as quais não foram consideradas para o total de sessões relatado pelo Olho no Voto. Com relação à frequência, também houve erros. No meu caso, as faltas computadas somam um número de 199, equivalente a 53,07% do total de 375 sessões. Já segundo o Departamento Pessoal da Câmara, o número total de minhas faltas é de 78, o que corresponde a 26,4% do total de 295. Apenas para finalizar, excluindo-se as 78 faltas mencionadas como 'justificadas', pela Câmara, restam aquelas por motivo de saúde, por missão oficial, por viagem autorizada pela mesa e por viagem em missão cultural, que não poderiam ter sido consideradas como faltas simples."
Fábio Feldmann, deputado federal pelo PSDB-SP (São Paulo, SP)

Nota da Redação – Os dados do Departamento Pessoal da Câmara não são comparáveis ao levantamento da Folha. O atestado exibido pelo parlamentar diz respeito apenas às sessões deliberativas, ou seja, em que houve votações, 295 até agosto/94. O controle da Folha foi mais cuidadoso e considerou também sessões em que houve registro dos parlamentares presentes na ata da sessão ainda que não tenha havido deliberação, 375 até abril. O número de faltas atribuídas a cada parlamentar pode ser verificado nos diários do Congresso arquivados na biblioteca da Câmara.

"Ao contrário do que foi publicado no caderno Olho no Voto, não votei a favor do adicional de 35% para os salários dos deputados. Ao contrário, meu voto foi 'não', conforme lista de votação em anexo, juntamente com o encaminhamento de votação do líder do partido, deputado Roberto Freire, que também aconselhava o voto 'não', no que foi seguido pelo deputado Augusto Carvalho. O equívoco da Folha talvez tenha se prendido no fato de naquela oportunidade tivemos duas votações distintas, uma que aumentava o salário do funcionalismo público federal, categoria a qual pertence os parlamentares, e outra que previa um adicional diferenciado em benefício apenas dos deputados federais, privilégio contra o qual nos pronunciamos."
Sérgio Arouca, deputado federal pelo PPS-RJ (Brasília, DF)

Nota da Redação – Leia correção na seção Erramos abaixo.

Protesto
"Como assinante do jornal 'O Estado de S. Paulo', peço à Folha tornar público meu repúdio contra 'O Estado', em virtude da vergonhosa campanha que tem feito em prol do candidato do PSDB à Presidência. Como protesto, a partir desta data cancelei minha assinatura do referido jornal, e passarei a assinar a Folha, onde espero que as notícias sejam imparciais."
Geraldo José Aparecido Dario (São Paulo, SP)

Barões da imprensa
"O enxame de barões da imprensa no beija-mão presidencial (Painel, edição de 25/09), deve ser um agradecimento pela publicidade idiota que o governo faz (e o povo paga). Mas revela também a podridão desse meio (imprensa) onde se encontram: a) falidos; b) pendurados em bancos públicos; c) dependentes de concessões públicas; d) sócios de fundos de pensão (que devem bilhões às estatais); e) candidatos a sócios desses fundos de pensão; f) dependentes de listas telefônicas; g) e, todos eles, dependentes da propaganda do governo. O candidato Lula não está longe quando fala da imprensa brasileira. E o povo? Este vai pagar a conta dessa podridão. E poderá reclamar depois de quatro anos nas urnas."
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)

Código do eleitor
"O ato de não votar em nada contribuirá para melhorar ou resolver os grandes problemas da nação. Foi este o motivo pelo qual me candidatei a deputado federal. Pretendo 'limpar' a imagem dos políticos, conscientizando o eleitor e os candidatos da importância do voto. Lutarei para que o eleitor tenha condições de observar o trabalho de seus representantes de maneira próxima. Por isso criei o 'Código de Defesa do Eleitor', um instituto que cria regras éticas de conduta do político-eleito, além de punição rigorosa pelos seus atos na função de representante no interesse da sociedade."
Gil Nobre (São Paulo, SP)

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