São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 1994 |
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Sucesso do plano depende de reformas, diz Camdessus
ANTONIO CARLOS SEIDL
"O importante é a continuidade da atual política macroeconômica", disse. Para Camdessus, o Plano Real está apenas em seu princípio, mas está indo bem. "O Brasil não precisa do Fundo porque tem reservas elevadas e um comércio exterior dinâmico", disse. O diretor executivo do FMI fez essas declarações em entrevista depois da abertura da conferência "50 anos depois Bretton Woods - O Futuro do FMI e do Banco Mundial". Esse evento faz parte da 49ª Assembléia Anual Conjunta do FMI e Banco Mundial, que se realiza no recém-inaugurado Palácio Municipal de Congressos, no parque Juan Carlos 1º, um conjunto de prédios de alta tecnologia, em Madri. Camdessus afirmou que vê com bons olhos o Plano Real. "O plano pode ser o princípio de uma mudança radical na economia brasileira", disse. Ele fez, porém, algumas ressalvas, dizendo que o sucesso permanente do Plano Real depende de um grande esforço político para a realização a curto prazo de reformas estruturais. Entre elas, Camdessus destacou o ajuste fiscal, a reforma tributária, uma ampla desregulamentação e mais privatizações. O diretor executivo do FMI também enfatizou a necessidade da queda dos juros no Brasil para incentivar a volta de investimentos maciços nos setor produtivo. A uma pergunta sobre se a volta dos investimentos externos não dependeria do selo de aprovação do Plano Real através de um acordo formal entre o FMI e o Brasil, Camdessus disse que o que vai fazer a taxa de juros cair não é um acordo com o FMI, mas a credibilidade interna e externa do Plano Real. "Um acordo com o FMI daria mais seriedade ao plano aos olhos de fora, mas a queda dos juros e a credibilidade do real dependem muito mais da qualidade da administração da política monetária", disse. O diretor executivo adjunto do FMI, Stanley Fischer, em conversa com jornalistas brasileiros, qualificou o Plano Real de muito inteligente e imaginativo. Ele disse que para ser duradouro o programa de estabilização requer equilíbrio fiscal e desestatização. Ele descartou a ajuda do FMI como fundamental para a sobrevivência do Plano Real. "O plano é do Brasil e o governo brasileiro sabe muito bem o que precisa fazer para que a estabilização seja duradoura", concluiu Fischer. Texto Anterior: Aniversário silencioso Próximo Texto: Equipe prevê superávit em 94 Índice |
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