São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 1994 |
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Brigitte Bardot ataca Farra do Boi no Brasil
ANDRÉ FONTENELLE
Bardot afirma que não quer voltar à praia de Búzios, que, ouviu dizer, "virou um horror". Pelo mesmo motivo, ela foge de Saint-Tropez, balneário do sul da França ao qual seu nome ficou associado. O prefeito da cidade apelou ontem para que ela voltasse. A atriz, que termina de escrever sua autobiografia, protestou contra a "farra do boi" catarinense. Folha - Quais são seus projetos em sua fundação? Brigitte Bardot - Todos os problemas que dizem respeito aos animais, seja na França, seja no mundo inteiro. É um trabalho difícil, duro, desprezado por muitos. Mas o objetivo da fundação é aliviar o sofrimento e a miséria de todos os animais. Folha - Sua fundação também trata de problemas ligados à situação dos animais no Brasil? Bardot - Evidentemente. Em todo o mundo nós tentamos conscientizar as pessoas de que o sofrimento é inútil, que o respeito deve existir. A "farra do boi" do Brasil é indigna. Eu luto há anos contra essa tradição assustadora. Gostaria tanto que os brasileiros compreendessem que é inútil fazer sofrer para festejar. Eu adoro festas, mas odeio o sofrimento! Sinto-me muito próxima dos brasileiros, mas não compreendo sua indiferença ao sofrimento dos animais. Folha - Recentemente, a senhora criticou Sophia Loren por ter feito publicidade de casacos de pele. A que a senhora atribui a decisão da atriz italiana de aceitar o convite? Bardot - Quando alguém se chama Sophia Loren, não tem o direito de fazer por dinheiro a promoção de casacos de peles, boicotados pelas mulheres mais belas e mais inteligentes do mundo. Então ela merecia uma boa lição! Folha - No Brasil, ainda é lembrada sua estadia em Búzios nos anos 60. Que lembrança a senhora guarda? A senhora voltou lá desde então ou pensa em fazê-lo? Bardot - Felizmente não voltei. Parece que virou um horror, enquanto eu conheci o paraíso! Búzios é uma Saint-Tropez brasileira, e eu fujo das duas. Não gosto de saber que praias selvagens, lugares autênticos, se poluem depois da minha passagem. É triste. Folha - Por que sua fundação não programou nenhuma homenagem pelo seu aniversário? Bardot - Não estou nem aí. A homenagem de minha fundação e de mim mesma é aos animais. Folha - A senhora ainda pensa em trabalhar no cinema ou na televisão? Se fosse para ajudar os animais, a senhora aceitaria? Bardot - Para pergunta idiota, resposta idiota! Consulte seu jornal favorito... Texto Anterior: Série resgata intimismo de Rubinstein Próximo Texto: Projeto instiga reflexão sobre fluxos urbanos Índice |
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