São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 1994
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Produtores nacionais se mostram amadurecidos

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Associação Brasileira de Enologia realizou no dia 17 de setembro, na cidade de Garibaldi (RS), a segunda Avaliação Nacional de Vinhos - Safra 94. Os 230 participantes do evento tiveram a oportunidade de degustar em primeira mão alguns dos melhores vinhos produzidos no ano (15 ao todo), selecionados por uma equipe de enólogos entre 74 amostras enviadas pelas vinícolas gaúchas.
A safra 94 favoreceu o amadurecimento das variedades precoces, como a Chardonnay, Pinot Noir e Gewrztraminer. As uvas de maturação intermediária (Merlot, Riesling Itálico, Semillon) e as tardias (Trebbiano, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon) sofreram com as enxurradas e os dias nublados que cobriram as serras do Rio Grande do Sul durante fevereiro e início de março.
Os Chardonnay da Cave de Amadeu (80/100, as notas refletem a opinião deste crítico) e da De Lantier (75/100) abriram a degustação seguidos de dois Riesling Itálicos (Pedro Domecq, 78/100, e Cave de Amadeu, 79/100). Encerraram os brancos: um Sauvignon Blanc (Aurora, 78/100), um Semillon intenso (Cave de Amadeu, 79/100) e dois Gewrztraminer: o da Seagram, perfumado e adocicado (82/100), e o da Cave de Amadeu, seco e vivaz (79/100).
A De Lantier emplacou quatro tintos entre os sete selecionados. A equipe do enólogo Adolfo Lona apresentou um Gamay de bom sabor (77/100), um belo Pinot Noir (concentrado e saboroso, 81/100) e, no capítulo do vinhos de guarda, um Cabernet Franc intenso, de bom paladar (80/100) e um Cabernet Sauvignon denso, muscular, de cor retinta (82/100).
Completaram o painel de rubros três Cabernet Sauvignon: M. Chandon (com bom aroma de framboesas e cassis, 82/100), Vinícola Boscato (rico e vinoso, 81/100) e Monte Lemos (encorpado, frutado e com bom equilibrio, 84/100).
A "avant-première" impressionou muito bem, não só pela qualidade da organização da prova –que não ficou devendo nada a eventos similares realizados no exterior–, como pela fruta e concentração dos vinhos, de nível melhor e mais homogêneo que os do evento do ano passado, dedicado à safra 93.
A divulgação das vinícolas produtoras das amostras (feita depois do encerramento da prova) e das notas (dos enólogos que as selecionaram e as da mesa de degustadores que as julgaram na prova) foram novidades que contribuíram para enriquecer o evento.
Isso parece indicar que, finalmente, tanto o vinho nacional como quem o produz estão prontos para serem julgados pelos consumidores, da mesma forma que o são habitualmente os seus concorrentes internacionais.

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