São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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Efeito FHC reanima cursos de sociologia

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A chegada de um sociólogo à Presidência da República pode estar trazendo novo alento aos cursos de sociologia no país. O número de inscritos no vestibular de Ciências Sociais da PUC de São Paulo para 95 foi três vezes maior que no ano passado.
Coincidência ou não, as inscrições foram feitas entre 5 e 27 de novembro, um mês depois do primeiro turno que elegeu o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Para as 100 vagas do curso noturno, o número de candidatos da PUC saltou de 120 para 343. Para as 50 vagas do matutino, os candidatos passaram de 75 para 200.
O possível efeito FHC já tinha sido discretamente sentido no curso de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo. Ná época das inscrições na USP –11 a 18 de setembro–, Fernando Henrique já aparecia nas pesquisas como candidato com maior chance. O número de candidatos por vaga nas Ciências Sociais foi de 6,74 contra 5,6 no ano anterior.
Na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, que já teve o novo presidente entre seus professores e conselheiros, o clima é de expectativa. Lá, as inscrições vão até o dia 13.
No ano passado, a escola cancelou seu vestibular uma semana antes das provas por falta de candidatos. Neste ano, abriu 70 vagas à noite e espera candidatos para um segundo curso pela manhã.
"Na última semana, recebemos mais de 50 telefonemas por dia de interessados no curso", diz Heloisa Pagliaro, professora e vice-diretora da escola.
Bolivar Lamounier, 51, fez o curso de Sociologia e Política na Universidade Federal de Minas Gerais entre 1960 e 1964. Em seguida doutorou-se em Ciências Políticas nos EUA. Nessa época, as ciências sociais estavam em ascensão. Depois os cursos deixaram de atrair os estudantes.
"Pode estar ocorrendo uma volta do interesse pela sociologia, independentemente do presidente", diz Lamounier.
Heloisa Pagliaro também pensa assim. Ela acredita que está havendo um "saturamento das profissões tecnológicas, carecendo das profissões humanas". "Isso nada tem a ver com o Fernando Henrique".
Aos alunos que desanimam, Heloisa costuma dizer: "Vocês vão ver, as ciências sociais ainda vão ter um futuro neste país."
Já tiveram um passado. O prédio da General Jardim, na região central da cidade, onde ainda hoje funciona a Escola de Sociologia e Política, já foi frequentado por professores que vinham das universidades de Harvard, Columbia, Chicago, Berlim.
A escola foi a criada em 1933. Entre seus ex-alunos e professores estão Roberto Simonsen, Florestan Fernandes, Darci Ribeiro, Luiza Erundina.
O perfil dos estudantes mudou, observa Heloisa. Sindicalistas e profissionais já diplomados substituíram as elites que faziam o cursonos nos anos 70.
A escola mantém hoje os cursos de Sociologia, Biblioteconomia, Documentação e Museologia.

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