São Paulo, terça-feira, 3 de janeiro de 1995
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Cacilda exaltou URSS em poema

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

A atriz Cacilda Becker sofreu vigilância do Deops de 1945 até sua morte, em 1969. Esta foi devidamente grafada com tinta vermelha nas sete fichas que constam dos arquivos.
Começa a ser mencionada como Cacilda Fleury Martins, seu nome de casada: "Fez uso da palavra quando, em 20 de agosto de 1945, no Teatro Municipal, tomou posse o Comitê Municipal do PCB".
No relatório de 7 de setembro de 1949, ela aparece como articuladora de uma célula comunista que estaria funcionando no Teatro Brasileiro de Comédia: "À rua Major Diogo funciona a célula comunista mais ativa dos meios artísticos de São Paulo, onde, à revelia da diretoria do teatro, constantemente se realizam reuniões com elementos comunistas dos meios artísticos e intelectuais". Entre os elementos, Cacilda.
O Serviço Secreto captou, em junho de 1945, uma transmissão radiofônica soviética sobre o discurso de Cacilda durante visita de uma delegação de mulheres brasileiras a Stalingrado. "A paz e a felicidade acompanham o povo soviético", disse Cacilda, segundo o texto."A saudações fraternais que merecemos em todo o país nos enche de ternos agradecimentos. Todo o povo soviético luta ardentemente para reforçar ainda mais o campo da paz".
O último relatório, de março de 1969, traz declarações da atriz: "A epigrafada disse que, em 1945, declamou a poesia 'Às Mães de Stalingrado', esclarecendo ter sido após a guerra, que a luta das nações unidas, onde se incluía a Rússia, contra o nazismo e o fascismo, havia evidentemente de encontrar eco no coração de uma artista".
(LAG)

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