São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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Presidente procura articulador político

LUCIO VAZ; EUMANO SILVA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso, 63, quer nomear um articulador político ligado à Casa Civil para negociar com o Congresso, governadores e Judiciário.
A nomeação desse articulador tem o objetivo de evitar novas crises políticas entre os partidos aliados ao novo presidente.
PMDB, PTB, PP e PL entraram em choque durante esta semana brigando por mais espaço dentro do governo.
O articulador político seria um subsecretário ligado à Casa Civil. Durante o governo de José Sarney (1985-1990), essa função foi exercida por Henrique Hargreaves, que chefiou o Gabinete Civil durante o governo de Itamar Franco (1992-1994).
No governo Sarney, Hargreaves tinha armazenada em um computador uma relação de todos os cargos federais, com seus ocupantes e nome dos políticos responsáveis pelas indicações.
A intenção de FHC é iniciar as substituições dos atuais ocupantes dos segundo e terceiro escalões somente em fevereiro, quando os parlamentares eleitos em 3 de outubro já terão tomado posse.
Essas vagas são um trunfo que Fernando Henrique tem para atrair parlamentares para a votação das reformas constitucinais, que serão propostas também em fevereiro pelo governo.
Para aprovar as mudanças na Constituição desejadas pelo Palácio do Planalto, o governo vai precisar dos votos de 306 deputados e 48 senadores.
O presidente também estuda a alternativa de nomear quatro articuladores políticos, e não apenas um. Seria um representante de cada um dos principais partidos do governo, que são PSDB, PFL, PMDB e PTB.
Mesmo sem articulador político, o governo já tem uma estratégia para tentar acalmar os partidos que o apóiam.
O primeiro passo da estratégia é convencer o PMDB a não lançar candidato a presidente da Câmara. Em troca, FHC indicaria um deputado do partido para ser o líder do governo na Câmara.
O presidente quer evitar que a disputa pela presidência da Câmara divida a base governista.
O nome mais cotado para a liderança governista é o do deputado Germano Rigotto (PMDB-RS).
A indicação de Rigotto também facilitaria a acomodação interna do PMDB, porque ele já não seria mais candidato a líder do partido e abriria caminho para o deputado João Almeida (BA), que também deseja o cargo.
No Senado, o nome mais forte para ser o líder do governo é o do senador Élcio Álvares (PFL-ES), que foi ministro da Indústria e Comércio no governo de Itamar.
Outro problema para o Palácio do Planalto a ser solucionado nos próximos dias é a ameaça do PL de não apoiar o deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) para a presidência da Câmara. Ele é o candidato de FHC.
O líder do PL, Valdemar Costa Neto, vai encontrar-se na próxima semana com o pefelista para negociar a participação do partido na Mesa Diretora da Câmara.

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