São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Um e outro Congresso

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia em que se anuncia que o novo Congresso americano abriu "demitindo 600 funcionários", como citou a Record, o Congresso brasileiro, que ainda é o velho, mas não promete mudar muito com o novo, esperneia e se recusa outra vez a aprovar o presidente do Banco Central.
"Senado nega quórum para votar o nome de Pérsio Arida", registrou a CBN. Mais, "somente na terça que vem é que vai apreciar" o assunto, informou a Bandeirantes, voltando a explicar que "a votação está emperrada porque os senadores querem vincular a votação à aprovação da anistia de Humberto Lucena".
Quem dera fosse apenas a anistia. Pedro Simon, ouvido pela Globo, disse que o próprio Humberto Lucena está falando a todos que, quem quiser apoiá-lo, tem que votar logo o nome para o Banco Central. Afinal, ninguém gosta de se ver ligado a expressões como chantagem.
O problema é que, para além da anistia, existe a vacância no segundo escalão do governo, mais o terceiro, o quarto, com todos aqueles cargos.
Muito diversa é a situação do Congresso americano. A posse de Newt Gingrich como presidente da Câmara dos Deputados, apresentada na CNN, foi acompanhada de uma geral na burocracia e de um discurso que avisou, por exemplo, que as votações não poderiam mais ultrapassar os 17 minutos.
Algo inimaginável, para quem lembra da revisão sob Humberto Lucena.
Republicanos e tucanos
Claro que o republicano Newt Gingrich não tratou só do dia-a-dia do Congresso.
Também falou em "aprender com o setor privado, aprender com a Ford, com a Microsoft, com aquilo por que a General Motors teve que passar". Falou em agir "imediatamente"; daí, talvez, as demissões imediatas. Falou em lutar para baixar o déficit orçamentário.
Um discurso e uma prática em quase tudo semelhantes ao que andam fazendo os tucanos, das demissões por Mário Covas ao combate aos gastos públicos por Fernando Henrique Cardoso.
Aliás, Fernando Henrique que voltou a surgir ontem no programa World Report, também da CNN, registrando-se que ele "deu os primeiros passos esta semana para reduzir o déficit orçamentário de US$ 10 bilhões".

Texto Anterior: Presidente procura articulador político
Próximo Texto: Novo governo não entrega relações de bens; posses podem ser anuladas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.