São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Serra tenta interferir em pasta de Dorothéa
LUCAS FIGUEIREDO
Dorothéa não gostou de saber que Serra estava articulando a indicação do nome do futuro presidente do Conselho de Comércio Exterior, órgão que será criado para coordenar a política do setor. A Folha apurou que os dois ministros chegaram a discutir ao telefone anteontem. Dorothéa deixou claro a Serra que a política de comércio exterior é atribuição do ministério dela. O Conselho de Comércio Exterior será formado por representantes dos ministérios da Indústria, Comércio e Turismo, Fazenda, Planejamento e Relações Exteriores. Os ministérios responsáveis pelo setor, no entanto, são a Fazenda e o Ministério da Inústria, Comércio e Turismo. O interesse de Serra no setor de Comércio Exterior foi um dos motivos da divergência entre ele a equipe econômica na época do lançamento do Plano Real. Serra defendia a tese de que a supervalorização do real frente ao dólar poderia prejudicar os exportadores, já que as importações ficariam mais atraentes, e as exportações menos lucrativas. As teses do ministro ganharam força após a crise do México, que viu o saldo da balança comercial (diferença entre a exportação e a importação) atingir um défict de US$ 25 bilhões no ano passado por causa da supervalorização da moeda local, o peso. No governo Itamar, por várias vezes, o então ministro Élcio Álvares (Indústria, Comércio e Turismo) discutiu com o também ministro Rubens Ricupero (Fazenda) pelo controle da área. A Fazenda frequentemente baixava medidas do Plano Real que feriam as políticas de médio e longo prazo promovidas pelo ministério de Álvares. Na MP (medida provisória) sobre reforma administrativa baixada por FHC no dia 1º de janeiro, continua havendo a sobreposição de poderes entre os dois ministérios. Pela MP, entre as atribuições do MICT, está o item "comércio exterior", e, entre as da Fazenda, está a "fiscalização e controle do comércio exterior". FHC esperava controlar a histórica disputa neste setor criando o conselho. O presidente chegou a escolher o embaixador Sérgio Amaral para presidir o órgão, mas ele virou porta-voz de FHC. Diante da falta do nome do presidente do conselho, FHC adiou a criação do órgão. Na reunião ministerial de hoje, um dos temas deverá ser a formação do conselho. Texto Anterior: FHC tenta contornar crise com reunião Próximo Texto: Preços agrícolas opõem Malan a Andrade Vieira Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |