São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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Brasileiros e argentinos vão debater Mercosul

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Está tentativamente marcada para meados de fevereiro a primeira reunião conjunta, na história dos dois países, entre os ministérios completos de Brasil e Argentina.
A idéia é reunir os 31 componentes dos dois gabinetes em Puerto Iguazú, cidade argentina fronteiriça com Foz do Iguaçu (PR, Brasil), para pelo menos um dia de debates em torno do Mercosul (Mercado Comum do Sul, formado também por Paraguai e Uruguai).
O lado brasileiro leva vantagem numérica na reunião, dado que são 23 os ministros convocados para o encontro. Os argentinos serão apenas oito, limite fixado na Constituição para o número de ministérios.
O encontro dos dois gabinetes já havia sido acertado, preliminarmente, durante a visita do então presidente eleito Fernando Henrique Cardoso a Buenos Aires, no início de novembro.
A data definitiva e a agenda completa serão provavelmente definidas na viagem do chanceler brasileiro Luiz Felipe Lampreia aos países do Mercosul, a partir do dia 17.
Querem discutir a unificação de políticas, inclusive a externa e a econômica.
Trata-se de um passo preliminar no rumo de se passar da união aduaneira, como é hoje o Mercosul (e, assim mesmo, incompleta), para um verdadeiro mercado comum.
A união aduaneira pressupõe eliminar as tarifas de importação entre os países-membros e estabelecer uma TEC (Tarifa Externa Comum) para os produtos dos demais países.
Já o mercado comum vai além: todas as políticas públicas são paulatinamente unificadas, desde as relações internacionais até a política de defesa, passando pela total liberdade de circulação de pessoas e bens.
É um passo que não foi completado ainda sequer pela União Européia, o conglomerado mais avançado do mundo em matéria de integração.
A reunião de Puerto Iguazú, obviamente, não irá tão longe, até porque esse é um processo lento e gradual.
Mas é provável que entrem em discussões aspectos fundamentais, como regras tributárias comuns, políticas idênticas de direitos autorais e reconhecimento de diplomas nos dois países, entre outros temas.

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