São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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11 mil servidores devolvidos serão demitidos

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 11 mil funcionários devolvidos pelo governo do Estado de São Paulo ao Baneser, subsidiária do Banespa, serão demitidos. A afirmação foi feita ontem pelo presidente do Banespa e funcionário aposentado do Banco Central, Altino da Cunha.
Segundo ele, o governador Mario Covas só devolveu os servidores que não eram necessários aos órgãos estaduais e o Baneser não "tem onde colocar essa gente". As demissões vão ocorrer à medida que as listas com os nomes chegarem ao Baneser.
Altino da Cunha afirmou que o governo do Estado "com certeza" tem recursos para arcar com os custos da demissão, que serão menores do que as economias.
Como o Baneser presta serviços ao Estado como uma empresa terceira, a devolução dos funcionários antes do prazo previsto significa quebra de contrato com ônus para o governo estadual.
Segundo estimativas de Altino da Cunha, os 1.390 funcionários "fantasmas" contratados pelo Baneser para prestar serviços à presidência do Banespa –que já foram devolvidos e demitidos–, representavam gastos de R$ 110 milhões em doze meses na folha de pagamento. As demissões trouxeram ao Banespa um custo não superior à R$ 11 milhões, afirmou.
Além desses 1.390, o Banespa já devolveu mais 130 funcionários e Altino da Cunha estima que dos 5.000 contratados pelo Baneser para prestar serviços à instituição, cerca de 50% serão dispensados.
Segundo Altino da Cunha, o Banco Central já determinou a abertura de uma comissão de inquérito para averiguar e identificar os responsáveis pelas possíveis irregularidades na contratação dos funcionários pelo Baneser e outras cometidas nos últimos cinco anos pela direção do Banespa.
Outras medidas de saneamento a serem adotadas pela direção do Banespa, de acordo com ele, são a renegociação das dívidas do Estado e setor privado junto ao banco.
Segundo ele, o total de créditos em liquidação (dívidas do setor privado vencidos e não cobrados em 60 dias) chega a R$ 700 milhões, embora no balanço encontrado pelo BC esses números atingissem R$ 70 bilhões.
"Não auditamos os balanços parciais de 94, mas vamos entregar um balanço próprio de fechamento do ano, com números diferentes dos encontrados", disse.
Altino da Cunha acredita que, dos R$ 700 milhões em créditos podres, cerca de 50% serão pagos, o que poderá influenciar positivamente no balanço da instituição e no bolso dos acionistas.
Com a nova determinação do Conselho Monetário Nacional, que permite a renegociação das dívidas públicas por um prazo de 20 anos (antes eram 12 no máximo), também os R$ 8,5 bilhões de débitos governamentais com o Banespa serão rediscutidos.

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