São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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Portugal pode alagar patrimônio arqueológico

JAIR RATTNER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA

Um parecer da Unesco, órgão das Nações Unidas relacionado à ciência, escandalizou arqueólogos portugueses.
O presidente do Comitê Internacional de Arte Rupestre e consultor do órgão, Jean Clottes, propôs que o maior conjunto de gravuras rupestres ao ar livre do mundo seja submerso –para evitar que turistas o depredem.
Na área, cerca de 300 km ao nordeste de Lisboa, está sendo construída uma barragem para represar o rio Côa.
A represa vai submergir um conjunto de gravuras de cerca de 20 mil anos de idade, descoberto há seis anos.
A empresa estatal de eletricidade EDP, responsável pela barragem, manteve a descoberta em segredo.
Quando houve a denúncia de que as pinturas seriam alagadas, o governo tombou o conjunto, dando ao Instituto Português de Patrimônio Arquitetônico e Arqueológico o poder de interromper ou não a construção.
Com o parecer de Clottes, francês, as autoridades portuguesas decidiram prosseguir as obras.
A proposta dos arqueólogos portugueses era transformar o local em um parque científico, aberto à visitação pública.
O parque arqueológico, segundo a proposta, seria um pólo de desenvolvimento turístico da região.
Clottes acredita que Portugal não iria investir na preservação das gravuras, deixando que turistas as arranhassem, como já fizeram com uma delas.
O especialista afirmou também que a população da região, uma das mais atrasadas do país, poderia destruir as pinturas, por acreditar que elas seriam um empecilho ao progresso.

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