São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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Ximenes vai dirigir o Banco do Brasil

VIVALDO DE SOUSA
GUSTAVO PATÚ

VIVALDO DE SOUSA; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos oficiais federais serão presididos por técnicos com experiência no governo e indicados sem pressão política. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, 50, ex-presidente do Banco Central, disse ontem que os indicados terão como função reestruturar os bancos federais e adequá-los a uma economia com baixa inflação.
O Banco do Brasil será presidido pelo economista Paulo César Ximenes, 51, também ex-presidente do BC no início da gestão de FHC na Fazenda. O titular da CEF (Caixa Econômica Federal) será Sérgio Cutolo, 42, ex-ministro da Previdência Social.
Técnicos com experiência no governo, os dois são considerados imunes a pressões políticas.
Ricardo Leonidas Ribas, 57, continua na presidência do Banco Meridional –que o governo pretende privatizar ainda neste semeste. O BNB (Banco do Nordeste do Brasil) será presidido por Byron Costa de Queiroz, 47, que foi secretário de Planejamento do Ceará no governo do tucano Tasso Jereissati.
Malan disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso ainda não autorizou a divulgação do nome do presidente do BASA (Banco da Amazônia). A Folha apurou que duas pessoas já foram sondadas para o cargo, mas recusaram. O BASA é o banco federal com maiores problemas financeiros.
Reações
Os parlamentares ligados ao setor agrícola reagiram com dureza à indicação de Paulo Ximenes para a presidência do Banco do Brasil, o principal banco financiador da área rural.
"É um tecnocrata, um homem que não conhece nada da realidade do campo", atacou o deputado Valdir Collato (PMDB-SC), vice-presidente da Comissão de Agricultura da Câmara e um dos porta-vozes da bancada ruralista.
Collato insinuou que os ruralistas, detentores de cerca de 200 dos 513 votos da Câmara dos Deputados, poderão barrar projetos do governo se a gestão de Ximenes prejudicar o setor agrícola. "Vamos cobrar caro se a agricultura for deixada em segundo plano", disse.
Ximenes assumirá o BB com a missão de promover um cronograma de ajuste financeiro no banco, com fechamento de até 300 agências, estímulo a demissões voluntárias e aposentadorias incentivadas.
Por ser considerado um técnico não sensível a pressões políticas, Ximenes teve sua indicação bombardeada, nos últimos dias, por setores do PFL, PTB e PSDB –partidos que dão sustentação ao governo Fernando Henrique Cardoso.
O mesmo ocorreu com o novo presidente da CEF, Sérgio Cutolo. Por isso, Ximenes e Cutolo só tiveram seus nomes confirmados ontem, embora fossem os preferidos de FHC desde o mês passado.
Os problemas dos bancos federais já foram identificados no ano passado pelo Comif (Comitê de Acompanhamento das Instituições Financeiras Federais), disse o ministro da Fazenda. "Teremos que caminhar para um processo de racionalização de agências", afirmou Malan.
Os estudos feitos no Comif apontam a possibilidade de fechamento de 600 agências dos bancos oficiais. Além da redução de agências, a reestruturação dos bancos federais deve incluir a demissão de funcionários e mudanças na atuação das instituições para evitar concorrência entre elas.

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