São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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Garoto de 11 atropela e mata mulher de 39

SÉRGIO MALBERGIER
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 09/01/95
O nome do carro Parati foi grafado incorretamente na página 3-3 de sexta-feira última.
O garoto N., de 11 anos, dirigindo uma Paraty, matou Noêmia dos Santos, 39, e feriu seu neto Jeferson, 3, anteontem em Santo Amaro (zona sul de SP). A mãe do garoto, Jamila Rajab, 43, estava ao lado dele na hora do acidente.
O delegado Ivan Rosseti, do 99º DP, abriu inquérito ontem. Ele disse que deve enquadrar Jamila em crime de homicídio culposo (sem intenção), com pena de 1 a 3 anos de prisão. Mas, segundo Rosseti, o Ministério Público pode mudar a acusação para homicídio doloso (intencional), com pena de 6 a 12 anos de prisão. O menor N. é inimputável.
Segundo testemunhas, a Paraty desgovernada subiu na calçada, prensando Noêmia e o neto –que estava em seu colo– contra o muro de uma fábrica de brindes e os arrastando por alguns metros.
Quando a Paraty parou, segundo as testemunhas, N. saiu do carro e correu para seu prédio, 100 m acima na mesma rua (Professor Guilherme Belfort Sabino). O corpo de Noêmia ficou debaixo das rodas dianteiras da Paraty. Seu neto sofreu escoriações leves.
Jamila teria saído do carro depois e perguntado: "o que está acontecendo?" Segundo testemunhas, ela agia friamente.
A polícia e o serviço de resgate dos Bombeiros chegaram pouco depois e retiraram o carro de cima de Noêmia, que morreu logo. Jamila seguiu em seu carro até a delegacia. Segundo o delegado Rosseti, ao chegar ela teria passado mal e ido para uma clínica.
Por ter se apresentado à delegacia, Jamila evitou prisão em flagrante e vai responder ao processo em liberdade. Ontem, ela, o filho, a outra filha (16 anos) e o marido (distribuidor de doces) não foram encontrados em casa.
Segundo o zelador, não aparecem desde a noite do acidente. O delegado disse que Jamila deve ser convocada na semana que vem.
O atropelamento revoltou moradores da região. "Todos nós estamos revoltados, ela quis fugir", diz o bancário Waldemar Minervini, 54, que chegou ao local do acidente pouco depois. Já para Célia Regina, 42, vizinha de prédio e amiga de Jamila, "foi destino, fatalidade". "Ela é uma mãe muito boa, muito religiosa e rigorosa".
Tanto o zelador do prédio como amigos de N. dizem que nunca viram o garoto antes ao volante.

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