São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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Crise de bancos argentinos se agrava

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia, Domingo Cavallo, não está conseguindo convencer o mercado de que o plano de estabilização não desembocará em uma crise como a mexicana. Cresce a falta de crédito no sistema financeiro e a Bolsa acumula uma queda de mais de 25% apenas em 95.
Uma missão de rotina do FMI (Fundo Monetário Internacional) –comum a todos os países membros da instituição- passou a ser importante para Cavallo. Ela desembarca em Buenos Aires no final de janeiro para monitorar as contas públicas argentinas.
Cavallo precisa do apoio do FMI para tentar acalmar a comunidade financeira internacional e evitar queda significativa de investimentos estrangeiros no país.
Em outubro, o ministro da Economia recusou empréstimo de mais de US$ 1 bilhão do FMI porque tinha problemas para cumprir as metas de superávit nas contas públicas definidas com o Fundo.
A Comissão Nacional de Valores está preocupada com a saída de investidores estrangeiros, que se desfazem de papéis argentinos. Apenas no último trimestre de 94, esses investidores liquidaram investimentos que somavam US$ 1,6 bilhão.
A falta de crédito no sistema financeiro está crescendo. O Banco Central foi obrigado a convocar a diretoria dos bancos de primeira linha para propor um mecanismo triangular para evitar novas quebradeiras no sistema bancário.
Vários bancos não têm recursos disponíveis em caixa para pagamento de compromissos. Instituições de primeira linha, sem problemas de liquidez, tomam empréstimos junto ao Banco Central, com taxas baixas.
Em seguida, esses mesmos bancos injetam recursos nas instituições em dificuldades. A garantia dos grandes bancos ocorre mediante a aquisição da carteira de crédito das instituições que receberam socorro financeiro.
Os bancos de primeira linha conseguem obter crédito a taxas médias de 24% ao ano. Já os bancos médios e pequenos têm um custo do dinheiro acima de 28% ao ano.
Além dos problemas decorrentes da crise econômica do México, Cavallo também enfrenta dificuldades domésticas.
Existe uma clima de tensão em muitas províncias argentinas pela falta de recursos para pagamento do funcionalismo público –algumas não pagaram até agora o décimo-terceiro salário.

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