São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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Imprevisto ajuda a revelar jogadores

MÁRIO MOREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O caso do atacante Luisão, do Guarani, é um exemplo de como os "olheiros" precisam contar com o imprevisto na "garimpagem" de jogadores.
Quatro anos atrás, o "olheiro" Marquinho, do Guarani, convidou o time da escolinha de Santa Fé do Sul para enfrentar o da sua, em Ilha Solteira.
Sem perder havia 60 jogos, a equipe de Marquinho viu sua invencibilidade cair por terra por 5 a 0 –cinco gols do centroavante adversário Luisão.
"Logo vi que ele tinha futuro, pois era um atacante veloz e que sabia se deslocar para os lados. Quando ele partia com a bola dominada, ninguém segurava", recorda Marquinho.
Como Luisão era menor de idade –nem sequer completara 15 anos–, o "olheiro" precisou convencer os pais do jogador a levá-lo para Campinas.
"Eu topei na hora, porque sempre quis ser jogador de futebol, mas meu pai tinha que concordar", afirma Luisão.
Ele conta que, um ano antes, fizera um teste no Novorizontino, levado pelo irmão Jocimar, que atuava nos juniores do clube, mas não passara.
O pai de Luisão, Aparecido Goulart, 45, lembra que, antes do convite de Marquinho, o atacante foi sondado por um "olheiro" do Flamengo para se transferir para o Rio.
"O Luisão ficou todo empolgado, porque era flamenguista roxo. Mas era muito garoto para ir para tão longe e eu nem cheguei a conversar com o 'olheiro"', diz Goulart.
Outro caso curioso é o do zagueiro Júlio César –titular da seleção brasileira na Copa de 86 e atualmente no Borussia Dortmund, da Alemanha–, descoberto por Banha, "olheiro" do São Paulo.
"Eu trabalhava nos juniores do Noroeste e o Júlio César, que tinha 16 anos, era maqueiro e gandula do clube. Um dia, ele me pediu para fazer um teste no meio-campo e eu resolvi deixar", conta Banha.
"No início, ele quis jogar como meia ofensivo e não mostrou muita coisa. Depois, vi que tinha jeito para marcar e fui recuando a sua posição, até chegar à zaga."
Dentre outros jogadores revelados pelo "olheiro", encontram-se o meia Donizete, do Bragantino –descoberto num "barranco" em Bauru– e Carlos Alberto Dias, atualmente no Paraná Clube.
Para Banha, é preciso possuir um talento especial para antever futuros craques em adolescentes ainda em fase de crescimento. "Acho que é um dom que a gente tem."
(MMo)

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