São Paulo, sábado, 7 de janeiro de 1995
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'Exército é ingênuo', afirmava

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Nem Maluco dizia não ter mais medo do Exército, que achava "burro e ingênuo". Ele afirmava que a polícia era "mais violenta, esperta e corrupta".
Foi isso que contou ao pastor Caio Fábio, coordenador da campanha "Rio Desarme-se". Os dois encontraram-se há cinco dias no morro Dona Marta, em Botafogo (zona sul do Rio).
O pastor contou que recolhia armas de brinquedo no morro quando soube que alguém queria vê-lo. Caio Fábio foi levado a um barraco e recebido por um homem que se identificou como Nem Maluco.
Segundo o pastor, o traficante considerava a polícia mais esperta e corrupta que o Exército.
"Passo pelos soldados e ninguém me conhece. Os policiais são espertos, mas são bandidos como nós. Sempre reservamos dinheiro para o caso de termos que acertar conta com a polícia", disse o traficante ao reverendo.
Caio Fábio afirmou que Nem Maluco definiu o comércio da droga como um exemplo da "lei da oferta e da procura".
"Se tem alguém em Copacabana e Ipanema para comprar, eu estou aqui para vender", foi a explicação do traficante.
Depois, disse que o tráfico não acabaria nunca. "Podem matar mil Nens Malucos, que aparece alguém para tomar o meu lugar", afirmou.

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