São Paulo, domingo, 8 de janeiro de 1995
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Cresce prostituição infantil na cidade

JAIME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL

A revolução capitalista de Xangai não consegue esquecer seus cinzentos efeitos colaterais. Ela produz terreno fértil para a prostituição infantil e um exército de 3 milhões de camponeses em busca de trabalho acabam enfrentando condições precárias de moradia.
Conhecida como a "capital oriental do pecado" nos anos 30 e 40, Xangai passou pela "limpeza" comunista.
Bordéis foram fechados; as prostitutas, enviadas a "campos de reeducação" e o tráfico de drogas, em especial de ópio, foi quase liquidado pelos comunistas.
Hoje em dia, a polícia continua a reprimir a prostituição e cerca de 25% dos casos registrados envolvem meninas com menos de 18 anos, informou o "Notícias Jurídicas de Xangai" em 1994.
Numa reportagem incomum pela ousadia, na obediente imprensa chinesa, a publicação enfileirou uma série de histórias envolvendo personagens com até 14 anos.
O "Notícias" opinou sobre as causas do problema: busca do enriquecimento, quebra de valores familiares e aumento da indústria pornográfica.
Uma garota de 14 anos cobrava 500 yuan (US$ 57) por programa, o valor equivalente a um salário mensal na capital, Pequim.
Mas a crise social também se evidencia na invasão de Xangai por camponeses em busca de oportunidades de trabalho.
Com o fim das gigantescas fazendas coletivas no campo, a China liberou um exército calculado em cerca de 20 milhões de trabalhadores, que acabam atraídos pelas novas oportunidades do capitalismo das grandes cidades.
Administrar essas ondas migratórias representa um dos principais desafios para o governo chinês.
Precisa equilibrar o crescimento da região litorânea do país, em centros como Xangai, com a pobreza e a lentidão das reformas em regiões remotas da China.
E previsões mais alarmistas falam de uma crise que levaria a uma ruptura no estilo da desintegração da URSS.
(JS)

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