São Paulo, domingo, 8 de janeiro de 1995
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Russos retomam ataque a Grozni

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As tropas russas lançaram ontem novo ataque contra Grozni, capital da Tchetchênia, atingindo o palácio presidencial e depósitos de petróleo localizados a 4 km do centro da cidade.
A ofensiva contrariou pedido do comissário de Direitos Humanos, deputado Sergei Kovaliev, de uma trégua em respeito às comemorações do Natal da Igreja Ortodoxa.
O major-general Viktor Vorobiov, comandante das tropas do Ministério do Interior da Rússia na Tchetchênia, morreu após a explosão de um projétil, em Grozni.
Na quinta-feira, o presidente russo, Boris Ieltsin, havia ordenado que fossem suspensos os bombardeios sobre Grozni. Anteontem, assegurou a Kovaliev que a trégua seria respeitada.
Segundo testemunhas, os ataques não cessaram desde a ordem de cessar-fogo do presidente. Mas, apesar da ofensiva, as tropas russas não avançaram sobre Grozni.
Testemunhas informaram que o palácio presidencial estava em chamas ontem. Um porta-voz do líder separatista tchetcheno, Djokhar Dudaiev, disse que os tanques de petróleo foram atacados por aviões russos e que a cidade estava coberta por espessa nuvem de fumaça.
O deputado russo Aivars Lezdinsh, que está na Tchetchênia, declarou que se podia escutar 20 detonações por minuto e que o bombardeio de ontem era a preparação para um ataque maciço à cidade.
Os bombardeios não se restringiram a Grozni. Segundo a organização internacional Médicos sem Fronteiras, os russos destruíram também uma maternidade e hospital pediátrico na cidade de Chali, 20 km ao sul da capital.
Anteontem, o Conselho de Segurança da Rússia decidiu manter a ação militar na Tchetchênia, que declarou sua independência há três anos.
Cedendo aos protestos internacionais contra a continuidade do conflito, porém, Ieltsin indicou o primeiro-ministro Viktor Tchernomirdin para negociar com os líderes separatistas.
Essa medida aponta para uma diminuição da influência dos defensores da linha-dura na questão da Tchetchênia: o vice-premiê Nikolai Iegorov e o ministro da Defesa, Pavel Gratchev.
Além disso, Ieltsin exigiu uma data para que o controle da situação passe para o Ministério do Interior.
Ajuda humanitária
A União Européia aprovou ontem uma ajuda humanitária de US$ 375 mil para as vítimas do conflito na Tchetchênia.
Ao mesmo tempo, deputados socialistas do Parlamento Europeu acusaram oficialmente as autoridades russas de violar os direitos humanos na república separatista.
Os socialistas exigiram também que a presidência do Conselho Europeu –atualmente exercida pela França– se pronuncie sobre as violações.
A decisão de prestar auxílio aos tchetchenos ocorreu dois dias depois do anúncio da União Européia de que se negaria a assinar acordos comerciais com a Rússia.
Na quinta-feira, Hans van den Broek, responsável pelas relações comerciais entre União Européia e Rússia, disse que um acordo comercial provisório, previamente discutido, só será assinado caso seja elaborado um tratado formal de comércio.
O documento, que deverá regular questões fiscais, servirá também como um instrumento de pressão política, exigindo que as autoridades russas assumam um compromisso de respeito aos direitos humanos. Van den Broek declarou que a Rússia não está cumprindo esta cláusula.

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