São Paulo, domingo, 8 de janeiro de 1995
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São Paulo tem novos negócios 24 horas

NELSON ROCCO

Estão começando a surgir em São Paulo opções de negócios 24 horas que vão além das tradicionais lojas de conveniência, postos de combustíveis, farmácias e bancas de jornais.
Cuidar de uma empresa com funcionamento ininterrupto exige cuidados especiais com segurança e administração de pessoal (leia texto ao lado).
Márcia Souto, 32, tem duas franquias da rede Fran's Café que funcionam 24 horas. "É um trabalho difícil", diz. "Não temos sábado, domingo, noite ou dia."
Apesar dos obstáculos, Márcia afirma que o movimento compensa. A loja da rua Haddock Lobo (zona oeste), segundo ela, atende mil pessoas por dia.
"Durante a semana, 40% do movimento acontece à noite. Nos finais de semana, esse número salta para 60%."
A empresária contratou uma empresa de segurança que garante seus funcionários 24 horas.
Os empresários Celso Durce e Renato Goulart de Almeida tiveram uma idéia inusitada. Abriram, no início de dezembro, a franquia da Rede Brasil Laser Collor, uma gráfica de conveniência.
O negócio funciona em Alphaville (região da Grande São Paulo) e fica em um quarteirão onde já funcionam uma loja de conveniência, um posto de combustível e um caixa eletrônico –todos 24 horas.
Os sócios investiram R$ 400 mil na gráfica. Durce afirma que tem recebido uma média diária de 60 clientes, sendo 15% à noite.
Os irmãos Leonir e Tadeu Eboni também decidiram apostar na "força" dos notívagos. Investiram R$ 170 mil na Master Academia da rua da Consolação (zona oeste).
Tadeu, 35, conta que em apenas um mês de funcionamento a academia já tem 300 alunos. "Entre 23h e 4h, temos 20 pessoas malhando."
Segundo ele, a maior procura na madrugada é de profissionais liberais, empresários e executivos.
A perspectiva de faturamento da Master é de R$ 40 mil por mês, valor suficiente, segundo Tadeu, para cobrir as principais despesas –R$ 10 mil com funcionários e R$ 3.500 com aluguel.
Os irmãos estão no setor há vários anos. Segundo Tadeu, a idéia de funcionar o dia todo surgiu por pressão dos próprios alunos. "Eles viviam dizendo que queriam ficar na academia até mais tarde."
Para quem não quer correr os riscos de contratar funcionários e segurança noturnos, uma alternativa é a franquia Mail Boxes Etc.
A empresa aluga caixas para correspondência e faz cópias xerox. Segundo Silvana Cheyney, 37, diretora, o funcionamento noturno é "automatizado".
O cliente recebe uma senha e tem acesso à loja. A taxa de franquia custa US$ 20 mil e para montar uma loja são necessários cerca de R$ 60 mil.
Vito Carrieri, 40, consultor da Martinovich & Rudner, diz que um negócio 24 horas deve ficar em local com grande movimentação de pessoas na madrugada, "de preferência, próximo a cinemas, bares e restaurantes".
Segundo ele, esse tipo de empresa não se limita a metrópoles. "Cidades com mais de 700 mil habitantes são propícias, mas é necessário que tenham público jovem e de alto poder aquisitivo."

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