São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
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São Paulo descobre o camarão-da-malásia

CARMEN BARCELLOS
ENVIADA ESPECIAL A PARIQUERA-AÇU

Até o final do ano, São Paulo pode produzir cerca de 40 toneladas por mês de camarão-da-malásia, número mais de dez vezes superior às 3,5 toneladas atuais.
A previsão é do Instituto de Pesca da Secretaria da Agricultura do Estado, com base na atividade de três laboratórios de larvicultura, que entraram em operação comercial em 94 e este ano pretendem produzir cinco milhões de pós-larvas por mês.
Pós-larvas são camarões com 20 a 30 dias. Os laboratórios dedicam-se à reprodução dos camarões e vendem as pós-larvas para criadores fazerem a engorda.
A Aquicultura Alvorada, em Pariquera-Açu (225 km a sudoeste da São Paulo), pretende atingir este ano a produção de um milhão de pós-larvas por mês.
A localização do laboratório no Vale do Ribeira, segundo seu proprietário, o veterinário Paulo Ojeda, vai ajudar bastante. "Vamos atender os Estados do Sul e o oeste paulista, que são mercados com forte potencial mas não se desenvolvem ainda devido à falta de pós-larvas", diz.
Ojeda estuda também a possibilidade de fornecimento de pós-larvas para criadores da Argentina e do Paraguai. "Já tivemos consultas destes dois países".
O outro laboratório foi montado por Silvio Ticianelli, em Piedade (98 km a oeste de São Paulo).
Os 15 tanques de dez mil litros cada um têm capacidade para produzir cerca de três milhões de pós-larvas por mês, meta que Ticianelli quer ver atingida este ano.
O laboratório do Instituto de Pesca, no parque Água Branca (zona oeste de São Paulo), também está preparado para aumentar sua produção mensal.
"Se houver demanda por parte de criadores, passaremos de 400 mil para um milhão de pós-larvas por mês", diz Julio Lombardi, pesquisador científico do Instituto.
Segundo Lombardi, os criadores de camarão-da-malásia podem obter uma margem mínima de lucro de 100% na venda para o atacado.
Ele avalia que o custo médio para produção de um quilo é de R$ 3,5, enquanto o preço mínimo no atacado gira em torno de R$ 7,5 e no varejo entre R$ 10 e R$ 12.
Para Sérgio Imanari, que cria camarão-da-malásia e gado de corte há dois anos, a primeira atividade é mais rentável.
"O preço de venda do camarão em relação ao custo de produção é cinco vezes maior do que o do gado e o giro é mais rápido. O camarão está pronto para a consumo em seis meses. O gado leva dois anos", compara.
Imanari, que desenvolve seu projeto em Juquiá (155 km a sudoeste de São Paulo), conta que investiu R$ 40 mil na construção de nove tanques de engorda.
Em 94, segundo ele, faturou R$ 40 mil, com a produção de cinco toneladas de camarão, sendo 70% deste total líquidos.

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