São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
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Impasse político persiste na Itália

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro demissionário da Itália, Silvio Berlusconi, e o presidente do país, Oscar Luigi Scalfaro, não conseguiram encontrar ontem uma solução para a crise política do país.
O encontro dos dois durou duas horas e quinze minutos, e nenhum deles quis comentar os resultados na saída da reunião, ocorrida no Palácio Quirinal, a sede da Presidência italiana, em Roma.
O porta-voz de Berlusconi disse que "não há novidades" em relação aos outros encontros ocorridos.
Ou seja, o impasse político continua. O presidente inicia nesta semana mais uma rodada de consultas para tentar encontrar uma nova coalizão com número suficiente de parlamentares para formar um novo governo.
Berlusconi quer que o presidente anuncie uma nova coalizão sob sua liderança ou então que convoque eleições antecipadas.
Antes do encontro com Scalfaro, o premiê demissionário se reuniu com seus aliados políticos para tentar definir a estratégia a seguir.
A situação política do país se complicou depois que a federalista Liga Norte, um dos três grandes partidos da coalizão que sustentava Berlusconi, retirou seu apoio. O resultado foi a renúncia do premiê, ocorrida em 22 de dezembro.
Mas o ministro do Interior, Roberto Maroni, que é da Liga, rompeu com o líder do partido, Umberto Bossi. "Se a tripulação de um barco vê que ele está a ponto de se chocar, tem o direito de tomar o comando", disse no domingo Maroni, até há pouco o braço direito de Bossi.
Maroni leva com ele um grande número de parlamentares. Inviabiliza assim a formação de um governo encabeçado por Bossi.
Mas aparentemente não leva votos suficientes para formar nova coalizão liderada por Berlusconi.
Aumentam assim as chances de novas eleições. O premiê quer que elas ocorram no dia 26 de março, exatamente um ano após o triunfo de seu partido, o Força Itália.
Uma alternativa poderia ser Antonio Di Pietro, o juiz que se celebrizou pela liderança na campanha anticorrupção Mãos Limpas.
Ele negou ontem que pode vir a ser o futuro chefe do governo italiano no lugar de Berlusconi.
"Cada um deve fazer o que sabe. Em outras palavras, deve fazer o próprio trabalho", disse Di Pietro. Ele teve ontem seu primeiro contato oficial com a Universidade Livre Carlo Cattaneo, onde começa a dar aulas no próximo dia 24.
Di Pietro renunciou ao cargo de promotor no dia 6 de dezembro e seu nome tem sido constantemente lembrado como uma possível solução para o impasse político.

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