São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 1995 |
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Senado recua e aprova nome de Arida
DENISE MADUEÑO
O governo teve como grande aliado o PPR, que, pelo menos teoricamente, faz oposição a Fernando Henrique. Do seu gabinete, na vice-Presidência, Marco Maciel foi peça fundamental na vitória do governo. Os "rebeldes do cafezinho" –parlamentares que fogem da sessão para evitar quórum e vão tomar café– também recuaram e ajudaram a aprovar o nome de Arida. Na mesma votação foi aprovada a indicação do economista Francisco Lopes para uma diretoria do BC. Os senadores Epitácio Cafeteira (PPR-MA) e Esperidião Amin (PPR-SC) pressionaram para que a votação fosse feita ontem mesmo, contrariando a decisão dos líderes partidários, inclusive dos que apóiam o governo. Os líderes tinham se reunido pela manhã com o presidente do Senado, Humberto Lucena (PMDB-PB), e decidido votar só hoje as indicações para o BC para não serem supreendidos pela falta de quórum. O placar registrou 51 senadores, dez a mais que o número mínimo exigido para a votação. Às 17h55, Arida foi aprovado com 42 votos a favor, 8 contrários e uma abstenção. Eram necessários 21 votos. A votação foi secreta. Três minutos depois, Francisco Lopes foi aprovado com um senador a mais no plenário. A Mesa do Senado registrava 57 senadores na Casa. "Isso porque somos oposição. Imagina a gente no governo, o que poderíamos fazer", disse Amin, que ajudou, junto com Jarbas Passarinho (PPR-PA), na mobilização da Casa. Quando Pedro Teixeira (PP-DF) tentou deixar o plenário, na hora de votação, Passarinho foi atrás dele, segurou-o pelo braço, conversou e trouxe o "rebelde do cafezinho" de volta ao plenário. Durante todo o dia, Élcio Álvares (PFL-ES) exerceu o papel de líder informal do governo. Álvares andava pelos corredores do Senado com a lista de senadores na mão, anotando a presença de cada um que chegava. Por telefone, Álvares informava o vice-presidente Marco Maciel (PFL) sobre as articulações para a votação no Senado. "Até o final do dia teremos mais de 50 senadores na Casa, mas é melhor deixar a votação para amanhã (hoje) para ter garantia de aprovação", afirmou Álvares. Na semana passada, as duas votações foram invalidadas porque não foi atingido o quórum mínimo de 41 senadores. Um grupo de senadores permaneceu no salão do café ao lado do plenário impedindo a aprovação dos nomes. O grupo rebelado condicionou a aprovação à votação pela Câmara do projeto que anistia Lucena, marcada para a próxima semana. O presidente do Congresso foi cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por uso eleitoral da gráfica do Senado. Os senadores mudaram de posição porque temiam a repercussão negativa do movimento na Câmara. Eles temiam inclusive o crescimento do grupo de deputados que ameaça obstruir a votação da anistia a Lucena. O próprio senador telefonou aos senadores, pedindo que parassem com o movimento e votassem a indicação de Arida. Texto Anterior: Juiz suspende licitação de R$ 12 mi da Câmara Próximo Texto: Adiada posse no BB e Caixa Índice |
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