São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 1995
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BC vende dólar para segurar cotações

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O Banco Central interveio ontem vendendo dólar no mercado flutuante para segurar as cotações.
A cotação do dólar foi subindo, por causa de maior procura da moeda norte-americana para realizar remessas. O Banco Central realizou leilão de venda, quando a cotação atingiu R$ 0,860.
As saídas financeiras estão superando as entrada em US$ 696,2 milhões nos primeiros nove dias deste mês, segundo dados do BC.
Ontem, a Bolsa paulista despencou 9,86% e o índice Senn do Rio teve queda de 8%. O índice Bovespa acumula queda de 25% no mês.
A queda de 9,86% ontem na Bolsa paulista foi a maior desde 5 de setembro de 1994 (queda de Ricupero), quando o índice fechou em baixa de 10,4%.
A crise no México está tendo reflexos negativos sobre todas as Bolsas na América Latina. As estimativas preliminares são de que as saídas de fundos estrangeiros nas Bolsas brasileiras superaram as entradas em US$ 300 milhões em dezembro.
O presidente da Bolsa paulista, Alvaro Vidigal, diz que os dados dos primeiros dias deste ano indicam que a saída líquida de dinheiro das Bolsas para o exterior chegou a apenas US$ 9 milhões.
Os dados são preliminares, pois o último dado disponível na Comissão de Valores Mobiliários era de que em novembro houve uma entrada líquida de US$ 359,09 milhões.
Se os investidores estrangeiros não estão vendendo as ações para remeter os recursos para o exterior, a queda nas Bolsas atuais estaria relacionada a falta de compradores e venda pelos investidores brasileiros.
Isaac Michaan, diretor da Vértice Distribuidora, diz que os mercados futuros ao exigirem a cobertura de margem fazem com que os investidores tenham que vender ações no mercado à vista –acentuando as quedas nas cotações– para cobrir prejuízos no mercado futuro.
O presidente da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), Manoel Pires da Costa, foi reeleito ontem para uma gestão de mais um ano. Pires da Costa entende que as desvalorizações acentuadas nas cotações do mercado acionário resultam de "exagero de boatos, pois o mercado e as instituições estão tranquilas".
O Banco Central realizou leilão de BBC e colocou os títulos com taxa over média de 4,01% ao mês, com queda em relação aos 4,40% ao mês da semana anterior.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões renderam, ontem, em média, 0,114%. A taxa média do over foi de 4,57% ao mês, projetando rentabilidade de 3,41% no mês. No mercado de Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), a taxa média foi de 4,71% ao mês, projetando rendimento de 3,52% no mês.

CDB e caderneta
As cadernetas que vencem hoje rendem 2,7573%. CDBs prefixados negociados ontem: entre 29% e 52% ao ano para 30 dias. CDBs pós-fixados de 120 dias: entre 14% e 18% ao ano mais a variação da Taxa Referencial.

Empréstimos
Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: a taxa média foi de 5,80% ao mês. Para 30 dias (capital de giro): entre 68% e 77% ao ano.

No exterior
Prime rate: 8,50% ao ano. Libor: 6,88% ao ano.

AÇÕES
Bolsas
São Paulo: baixa de 9,86%, fechando com 32.700 pontos e volume financeiro de R$ 321,9 milhões. Rio: queda de 8,0% (I-Senn), fechando com 15.314 pontos e volume financeiro de R$ 97,81 milhões.

Bolsas no exterior
Em Tóquio, o índice Nikkei fechou a 19.501,45 pontos. Em Londres, o índice Financial Times fechou a 2.354,10 pontos.

DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,849 (compra) e R$ 0,851 (venda). No dia anterior, segundo o Banco Central, o dólar comercial fechou a R$ 0,844 (compra) e R$ 0,846 (venda). "Black": R$ 0,855 (compra) e R$ 0,865 (venda). "Black" cabo: R$ 0,852 (compra) e R$ 0,857 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,830 (compra) e R$ 0,860 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: alta de 1,28%, fechando a R$ 10,31 o grama na BM&F.

No exterior
Segundo a agência "UPI", em Londres, a libra foi cotada a 1,5575. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 100,13 ienes. Em Nova York, a onça-troy (31,104 gramas) do ouro fechou a US$ 374,30.

FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para janeiro fechou em 3,41% e para fevereiro a 3,26% no mês. No mercado futuro do índice Bovespa, a cotação para fevereiro ficou em 33.100 pontos.

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