São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 1995
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UnB preenche 30% das vagas sem vestibular

Alunos serão selecionados através de testes no 2º grau

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A UnB (Universidade de Brasília) deve ser a primeira instituição de ensino superior do país a ter, a partir deste ano, uma nova porta de entrada além do o vestibular.
Alunos de escolas particulares e públicas serão avaliados ao final de cada um dos três anos do 2º grau. A seleção para a universidade será baseada nas notas.
As avaliações devem começar com os alunos que concluírem a primeira série no final de ano letivo de 95. Os primeiros alunos selecionados pelo novo sistema entram na UnB em 98.
A proposta, da reitoria da universidade, precisa ser aprova pelos órgãos colegiados (com representantes de alunos, professores e funcionários).
O vestibular não será extinto. O novo sistema vai selecionar 30% dos alunos. Os demais passarão pelo sistema convencional.
Para as vagas oferecidas no meio do ano, o vestibular continua sendo o único modo de seleção.
Segundo o reitor da UnB, João Todorov, 53, a idéia surgiu há cerca de nove anos e foi recuperada agora a partir de uma conversa com o governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), ex-reitor da UnB.
A proposta do ministro da Educação, Paulo Renato Souza, de criação de alternativas para o vestibular, colaborou para que a UnB resolvesse começar a alteração.
Souza afirma que é favorável ao sistema que a UnB pretende adotar e que tinha um projeto semelhante quando ocupava, na década de 80, o cargo de reitor da Unicamp. A idéia não saiu do papel.
Os alunos que forem reprovados através das provas anuais de seleção não perdem a chance de concorrer através do vestibular.
Os alunos da rede pública vão ter os custos de seus exames bancados pelo Governo do Distrito Federal. Alunos de escolas particulares vão pagar pelas provas.
Problemas
Para José Atilio Vanin, vice-diretor da Fuvest (Fundação Universitário para o Vestibular), o sistema de seleção universitária através de testes ou avaliações escolares ao longo do 2º grau é adotado em "todo o mundo desenvolvido".
Considera, no entanto, que o sistema apresentaria problemas no país, se adotado imediatamente. Corrupção e nepotismo (alteração de notas e favorecimentos políticos) poderiam ocorrer, avalia.
A Fuvest seleciona alunos para a Universidade de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas e Universidade Federal de São Carlos.
Vanin observa que na Europa e EUA as escolas são ranqueadas, formal ou informalmente, para auxiliar uma seleção correta.
"As notas dependem do nível da escola". Para ele, o melhor sistema é o alemão –um teste federal, o Abitur, é aplicado a todos os estudantes do país.
Também professor de química na USP, Vanin observa que, em sua experiência docente, os alunos selecionados pela Fuvest são estudantes que apresentavam o melhor desempenho em suas escolas.

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