São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 1995
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Para editores, fato mostra 'maturidade cultural'

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

A onda de ensaio brasileiro é provocada pelo mergulho em si mesma que a cultura brasileira parece estar dando nos últimos anos?
A pergunta teve respostas distintas, mas próximas, dos editores e autores com quem a Folha conversou nos últimos dias.
Por exemplo, o editor da Topbooks, José Mário Pereira, que no ano passado lançou as memórias de Roberto Campos ("A Lanterna na Popa"), acha que a resposta é "sem dúvida" afirmativa.
"Os intelectuais brasileiros aprenderam que o ensaio é a maneira mais eficaz de intervir na cultura", diz. "No mundo todo é assim há tempos. Poetas como Octavio Paz e ficcionistas como Milan Kundera escrevem ensaios."
Para ele, a auto-análise que o Brasil vem fazendo –com biografias, memórias, livros de ensaios diversos e obras de referência ou didáticas– é fruto do contexto histórico nacional e mundial.
Esse contexto nacional é o assunto, por exemplo, do próximo livro de Renato Janine Ribeiro, sem data e título definidos.
Trata-se de uma coletânea de ensaios sobre a imagem que o país vem se impondo, sobre os limites da democracia brasileira, sobre as palavras de ordem do momento.
Janine acha bom e curioso que 1995 traga tantos ensaios de autores brasileiros, o que coincide com o projeto de seu livro –porque mostra que a cultura está em ebulição, na busca de auto-imagens.
Para o editor da Edusp, Sérgio Miceli, que convocou diversos professores da USP para publicar livros pela editora (como Leon Kossovitch, que escreve sobre o artista plástico Aguilar), "havia necessidade de preencher lacunas editoriais que até há pouco eram preenchidas por importados".
Miceli exemplifica com "História do Brasil", de Boris Fausto, que esgotou em cinco dias. "A demanda cultural é maior hoje."
A presença crescente do ensaísmo brasileiro nos catálogos editoriais é, para ele, "sinal de maturidade cultural".
(DP)

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