São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 1995
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Violado cessar-fogo na Tchetchênia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O cessar-fogo de 48 horas decretado pelos russos na Tchetchênia não durou um dia sequer.
Jornalistas que cruzaram a ponte sobre o rio Sunja (Grozni) disseram que tropas russas dispararam granadas de morteiro e artilharia contra a praça da Liberdade, onde fica o palácio presidencial.
Combates foram registrados na parte norte da praça, onde tchetchenos enfrentam tanques e artilharia russa.
Para o chefe do Estado-Maior tchetcheno, Aslan Moskhadov, o cessar-fogo é "enganador".
Em um mês de combates, 8.000 civis e 500 soldados russos teriam morrido, disse o jornal russo "Nezavizimaia Gazeta".
O diário diz basear o número de militares russos mortos em dados do Departamento de Mobilização do Estado-Maior Geral.
Para o jornal "Notícias de Moscou", já são 1.800 os soldados e oficiais russos mortos.
O deputado Serguei Kovaliov, comissário de direitos humanos da Rússia, disse que os generais não querem "recolher os corpos de soldados para ocultar o verdadeiro número de mortos".
O diário "Izvestia" noticiou ontem que soldados russos estão desertando. Uma unidade de elite do Ministério do Interior teria ignorado ordens e voltado para sua base.
Para o diretor de relações com a imprensa do Ministério do Interior, Vladimir Vorojtsov, a notícia "não corresponde à verdade".
Horas após o momento marcado para a entrada em vigor do cessar-fogo, 8h de ontem (3h em Brasília), o comando militar russo disse que os soldados haviam suspendido as hostilidades e acusou os rebeldes de continuar atirando.
Pouco antes das 11h (6h em Brasília), um carro blindado tchetcheno se aproximou do palácio presidencial para recolher os mortos e feridos.
Assim que os rebeldes começaram a carregar o veículo, atiradores russos dispararam, iniciando uma troca de tiros na área.
O deputado Kovaliov denunciou os termos do cessar-fogo. Ele disse que a nota de Moscou representa um ultimato para os tchetchenos deporem as armas.
O cessar-fogo pede aos tchetchenos que deixem "suas posições e blindados, ntreguem as armas e libertem as pessoas detidas durante as hostilidades".
Há um mês, o governo russo enviou tropas para combater os separatistas tchetchenos, que proclamaram a independência em 1991.
A brutalidade da repressão na república separatista prejudicou a imagem de reformista do presidente Boris Ieltsin, que recebe críticas de seus aliados ocidentais.
Num apelo feito ontem, o comissário Kovaliov e a ativista de direitos humanos Ielena Bonner pediram às forças democráticas que "se unam diante do perigo de guerra e ditadura".
O documento afirma que as forças democráticas devem exercer pressão "sobre o poder (do Kremlin) com o objetivo de encerrar rapidamente a ação militar".

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