São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo quer vender imóveis e aumentar arrecadação de impostos

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo vai vender e doar parte dos cerca de 3 milhões de imóveis do patrimônio da União que não servem aos interesses estratégicos de segurança nacional, preservação ambiental e conservação histórica.
O secretário do Patrimônio da União, Hélio Carlos Gehrke, 55, disse que atualmente o governo federal controla o uso de pouco mais de 10% desses imóveis –terrenos em praias e às margens de rios e lagos, principalmente.
Outra meta de Gehrke é aumentar a arrecadação de impostos cobrados pelo uso dos terrenos que não forem vendidos.
Se a União tivesse controle desses imóveis, poderia arrecadar R$ 1 bilhão por ano, em vez dos R$ 76 milhões previstos para 1994.
Os ocupantes de apenas 400 mil imóveis recolhem a taxa (foro) de 0,6% do valor de mercado ou os 5% quando o titular da concessão passa o direito de uso a um terceiro. O imposto é cobrado porque o domínio pleno é da União.
Ainda não há previsão da receita a ser gerada com a venda dos imóveis.
A destinação social de terrenos para assentamentos de famílias de baixa renda por meio de convênios com prefeituras e Estados também faz parte do programa.
A venda dos imóveis só será viabilizada depois que o governo alterar a legislação em vigor, ainda baseada em decreto de 1946.
A nova legislação deve flexibilizar as condições de venda do patrimônio da União. A idéia é criar uma alternativa ao leilão para priorizar a venda aos ocupantes.
Segundo Gehrke, a maioria dos terrenos situados no litoral e às margens dos rios foi ocupada em consequência do crescimento das grandes cidades e do êxodo rural.
O governo já regularizou a situação de 45 mil famílias que ocupavam terrenos da União em diversas cidades brasileiras.
A venda facilitada beneficiaria os moradores pobres, que não têm acesso aos leilões, diz Gehrke.
O patrimônio da União engloba desde a faixa dos 8.500 quilômetros da costa marítima, as margens de todos os rios e alguns lagos nacionais, até as plataformas de exploração de petróleo pela Petrobrás em alto mar, além de construções e documentos com valor histórico.

Texto Anterior: Sindicatos pedem inquérito a deputados
Próximo Texto: Jantar marca restrição dos ruralistas a Andrade Vieira
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.