São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Covista tenta amenizar críticas a Fleury

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) serviu de palco ontem para um novo confronto entre o atual e o anterior governo paulista.
Contra ele, a maioria dos conselheiros do TCE criticava medidas adotadas por Covas e fazia perguntas que tinham como objetivo defender o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB). Quatro dos sete conselheiros foram nomeados no último governo.
O próprio Nakano também tentou amenizar críticas feitas por ele ao governo Fleury. Chamou de "infeliz frase" declaração anterior dele de que alguém "meteu no bolso" benefícios gerados pela crise.
Depoimento
Nakano também evitou dizer quem foram as pessoas que se beneficiaram de supostas irregularidades que geraram a situação de quase falência de São Paulo. Prometeu encaminhar as irregularidades para o Ministério Público.
Nakano também havia dito antes que a dívida de São Paulo, de R$ 32 bilhões, tivera "desempenho duvidoso" e gerara a "falência" do Estado. Foram essas declarações que levaram os conselheiros a convocar Nakano.
O depoimento do secretário de Covas demorou quase quatro horas. Dos conselheiros presentes, os únicos moderados foram Roque Citadini, indicado durante o governo de Orestes Quércia (1987-1991), e Renato Martins Costa, indicado por Fleury.
O conselheiro José Luiz de Anhaia Mello (governo Abreu Sodré) advertiu Nakano de que declarações como as que foram feitas por ele "enveredam pelo caminho pecaminoso da responsabilidade penal".
"Não se se pode fazer afirmação de que alguém do governo usou esse maléfico método do benefício próprio", disse Mello.
Era visível a posição de alguns conselheiros de sair em defesa do governo anterior. Eduardo Bittencourt (indicado para o tribunal no governo Quércia) declarou que Covas "continua no palanque" e fechou o governo "para balanço" ao suspender obras e parcelar o pagamento de funcionários.
Bittencourt repetiu argumentos de Fernando Boucinhas, secretário da Fazenda de Fleury, para dizer que havia recursos de caixa para pagar o funcionalismo em dia.
"Não há por que não acreditar nele", afirmou o conselheiro. Nakano afirmou que o atual governo encontrou nos cofres do tesouro apenas R$ 26 milhões –a folha de pagamento a ser paga era de R$ 625 milhões.
Fleuryzistas
Os conselheiros Edgar Rodrigues e Cláudio Alvarenga, ambos indicados no governo Fleury, também adotaram a moderação em suas indagações. Mas Alvarenga fez perguntas cujo objetivo era ressaltar dados positivos do governo anterior.
Alvarenga, por exemplo, queria saber do montante da dívida efetuada em governos anteriores. Fleury tem dito que não contraiu dívidas –o aumento de R$ 15,3 para R$ 32,3 bilhões ocorreu por causa dos juros.
O TCE paulista poderá ser mais um problema para Covas, principalmente se o atual governador entrar em confronto com Fleury. O TCE fiscaliza as contas do Estado.
As contas das administrações Quércia e Fleury receberam pareceres favoráveis. Houve apenas ressalvas em alguns contratos.

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