São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Demitido, Gullar pede explicações ao presidente

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O poeta Ferreira Gullar, 64, se disse ofendido e chateado com a decisão do presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, de demiti-lo da direção da Funarte (Fundação Nacional de Arte).
Gullar se considera "ofendido" por causa de declarações de FHC de que só mexeria nos cargos de segundo e terceiro escalões por corrupção, incompetência ou inoperância.
"Então eu quero saber em que categoria fui incluído. Eu vou cobrar isso, porque não entrei à toa nessa batalha, nesse trabalho desgastante", afirmou.
O ex-presidente da Funarte fez campanha e votou em FHC, e afirma que sua administração é reconhecida como "excelente" por muitas pessoas ligadas à cultura.
Para o seu lugar, foi convidado o escritor Márcio Souza, . Segundo Gullar, o ministro da Cultura, Francisco Weffort, 56, lhe disse que escolhera Souza porque este era seu amigo.
Gullar foi convocado anteontem para uma conversa com Weffort, em seu gabinete em Brasília. "Ele me disse que a Funarte tinha problemas administrativos graves e precisava me substituir."
Segundo Gullar, Weffort lhe disse que a decisão de demiti-lo partiu do presidente. Para o poeta, não há problemas administrativos na Funarte, e sim de pessoal.
Gullar afirmou que falta à Funarte um plano de cargos e salários. "Tem contínuo aqui ganhando mais que professor." Mas isto, segundo ele, é da competência de FHC e do Congresso.
Gullar listou algumas de suas iniciativas à frente da Funarte: a criação da revista cultural "Piracema" e do prêmio nacional de Artes, a volta do prêmio Mambembe, a inauguração do Espaço Niemeyer e a ampliação do Museu do Folclore, ambos no Rio.
A Folha falou com a assessoria do ministro da Cultura, mas não obteve resposta até 19h30.

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