São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Nova refinaria divide base política de FHC

LUCAS FIGUEIREDO; SILVANA QUAGLIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso, 63, terá de tomar uma decisão até o próximo mês que poderá abalar a composição política do ministério.
Ele vai ter de escolher o Estado nordestino que vai sediar a nova refinaria da Petrobrás, com investimentos da ordem de US$ 1,5 bilhão –talvez a maior obra do governo. A construção da nova refinaria vai gerar 7.000 empregos diretos e 23 mil indiretos.
Quatro Estados estão diretamente na disputa (Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Maranhão) e a Bahia corre por fora. Ao escolher um, FHC magoará os demais.
A disputa pelo projeto entre os aliados de FHC é tão acirrada que o governo pensou em dividir o projeto e fazer duas refinarias.
O diretor de Planejamento da Petrobrás, José Fantini, disse ontem que a empresa não cogita esta hipótese –isso teria um custo adicional de US$ 450 milhões.
Até o início de fevereiro, a Petrobrás entrega a FHC estudo detalhado sobre a refinaria, sem, entretanto, determinar a localização. O relatório indicará apenas os Estados com possibilidades. Por isso mesmo, pesos-pesados da política regional acionaram sua artilharia e pressionam FHC para levar a obra.
O governador-eleito do Ceará, Tasso Jereissati, do PSDB, preferiu não indicar nomes para o ministério em troca da garantia de investimentos para seu Estado.
Segundo a Folha apurou, Pernambuco e Ceará concorrem com maior chances do ponto de vista técnico. Mas a decisão será política e, politicamente, Pernambuco também tem padrinhos fortes. O vice de FHC, Marco Maciel, é pernambucano, assim como o ministro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Gustavo Krause.
O ex-presidente José Sarney e sua filha, a governadora do Maranhão, Roseana, estão na linha de frente do grupo que pressiona para levar a obra para aquele Estado. O Rio Grande do Norte tem menos chances políticas de ganhar.
Um quinto Estado corre por fora, a Bahia do senador eleito Antônio Carlos Magalhães (PFL). Tecnicamente, a Bahia não teria chances, já que a refinaria do Estado já está sendo duplicada. A Petrobrás, porém, não quis descartar a Bahia devido às pressões de ACM.

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