São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Guerra às algas na Guarapiranga

WERNER EUGÊNIO ZULAUF

A lei de proteção dos mananciais, de 1976, teve a melhor das intenções: induzir um tipo de ocupação das bacias hidrográficas, contribuintes das fontes de água para consumo da metrópole, compatível com essa nobre função.
A falta de rigor na fiscalização não só frustrou essa ocupação desejada –chácaras de final de semana com baixa taxa de ocupação dos lotes– como provocou a pior das ocupações para tais áreas: invasões comandadas pela igreja e por partidos políticos de esquerda (PT, PC do B etc); favelas e loteamentos clandestinos.
As consequências já se fazem sentir: assoreamento do reservatório Guarapiranga, comprometendo de forma irreversível sua capacidade de reservação de água para os períodos de longa estiagem, como o do ano passado.
Outra consequência é a presença de fortes cargas de esgoto na represa. Esta ainda consegue digerir tais poluentes (o que já não ocorre com outros corpos d'água da bacia do Alto Tietê), mas não há como remover os nutrientes que os esgotos digeridos dissolvem na água.
Estes, por sua vez, com a cooperação da energia solar, promovem a proliferação de algas microscópicas que, se não forem destruídas, acabam se combinando com o cloro do tratamento dessas águas, introduzindo forte odor e sabor na água da torneira, que passa a ser rejeitada pela população para uma série de usos. Os moradores da zona sul conhecem bem o gosto e o cheiro da água nessas condições.
Para combater as algas, a Sabesp tem utilizado sulfato de cobre, um produto eficaz para destruição de algas mas tóxico para os peixes da represa.
Desde o ano passado vem sendo usado um produto alternativo para aquele sulfato na represa de Guarapiranga, que tem na sua composição apenas os átomos de água, embora em proporção diversa: ao invés de H2O (água), H2O2 (peróxido de hidrogênio). É um oxidante enérgico que destrói as algas sem ser tóxico para os peixes, nem causar gosto e cheiro na água da torneira.
O ideal seria ter a represa como era até há 20 ou 30 anos atrás. Já que isto é hoje impossível, saudemos o avanço tecnológico que oferece uma remediação satisfatória. São as quatro toneladas por dia de H2O2 que permitem a dispensa, já hoje, do gasto adicional com água mineral doméstica. Fica o usuário da Sabesp apenas com o rateio do adicional do custo do peróxido de hidrogênio usado nas represas.
Embora branda, do ponto de vista ambiental, a solução é um paliativo que não deve sugerir a desmobilização do forte esquema de fiscalização implantado nos dois últimos anos, através de um "pool" de instituições das prefeituras e do Estado.

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