São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Baixo salário faz PM se suicidar no litoral de SP

DA FOLHA VALE

O PM Carlos Aparecido Santos, 37, de Ubatuba (litoral norte de SP), foi encontrado morto na última terça com um tiro na cabeça. Segundo sua mulher, Dionéia dos Santos, 31, ele se matou por causa do baixo salário que recebia.
"Ele reclamou que trabalhava muito e que o dinheiro não dava para cobrir as despesas da casa", disse. Ela afirmou que Santos recebia cerca de R$ 300 por mês.
O Casrj (Centro de Assistência Social, Religiosa e Jurídica da Polícia Militar de São Paulo) informou que em 94 foram registrados 26 casos de suicídios de PMs no Estado. Desse total, seis casos ocorreram no Vale do Paraíba.
Santos foi enterrado ontem no cemitério de Ubatuba. Dionéia disse à Folha que ele reclamava que vivia colocando a vida em risco em troca de um salário pequeno. A família tem dívidas de cerca de R$ 700, segundo Dionéia. Uma delas era com a padaria do bairro.
A mulher do PM disse que na terça Santos retornou de Lagoinha, onde trabalhava, e lhe mostrou o papel com a relação das dívidas. Segundo ela, Santos perguntou se as três filhas estavam casa. Após saber que haviam saído, teria pedido à mulher que procurasse um advogado e um carro de polícia.
"Depois, ele me pediu que deixasse a casa porque iria fazer uma coisa que não gostaria que eu presenciasse", disse. Dionéia afirmou que por volta das 15h30 ouviu um tiro e correu ao banheiro, onde teria encontrado Santos. Ele chegou morto à Santa Casa de Ubatuba.
O subcomandante do 5º BPM, Lamarque Monteiro, disse que Santos teria se matado porque enfrentava problemas financeiros. Segundo ele, Santos, por estar há mais de 15 anos na PM, teria salários em torno de R$ 500 por mês.

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